OBJETIVO: Analisar os resultados sorológicos, anatomopatológicos e parasitológicos de material abortivo para infecções com risco de transmissão vertical, com ênfase na toxoplasmose. MÉTODOS: Foi realizado um estudo coorte-transversal tratando da prevalência das doenças infectoparasitárias. Participaram da pesquisa 105 mulheres que sofreram aborto espontâneo completo e/ou incompleto; elas foram entrevistadas por meio de um questionário, e foram coletadas amostras de sangue e material abortivo. Foram realizados testes imunológicos para toxoplasmose, doença de Chagas, rubéola, citomegalovírus e sífilis e análise anatomopatológica nos restos ovulares. RESULTADOS: 55% das mulheres tinham entre 20 e 30 anos de idade. A maioria (68%) apresentou idade gestacional entre a 7ª e a 14ª semanas. 54,3% das mulheres tinham o ensino médio completo ou incompleto. Pela análise da sorologia, a infecção com risco de transmissão vertical mais frequente foi o citomegalovírus (CMV) com 97,1% de positividade, e em seguida a rubéola, com 95,2%. A toxoplasmose teve um percentual de 54,3%, a doença de Chagas, de 1,9% e a sífilis, de 0,95%. A análise dos laudos de biópsia demonstrou que 63,1% apresentaram inflamação e 34%, ausência de inflamação. Das análises sorológica, anatomopatológica e parasitológica das 105 mulheres, 57 foram soropositivas para T. gondii, e nenhuma teve resultado positivo para a Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) e para inoculação em camundongos. CONCLUSÕES: A prevalência de doenças com risco de transmissão congênita nas mulheres com abortamento espontâneo é importante, sendo necessárias pesquisas visando esclarecer a etiologia do aborto.
PURPOSE: To analyze the serological, anatomopathological and parasitological results obtained from abortive material in order to detect infections with the risk of vertical transmission, with emphasis on toxoplasmosis. METHODS: A cross-sectional cohort study was conducted in order to determine the prevalence of infectoparasitic diseases. A total of 105 women who suffered spontaneous complete or incomplete abortion participated in the study. The women were interviewed, answered a questionnaire and had their blood and abortive material collected. Immunological tests were carried out in order to detect toxoplasmosis, Chagas disease, rubeola, cytomegalovirus and syphilis, and anatomopathological analysis of the ovular remains was performed. RESULTS: 55% of the women studied were 20 to 30 years old. Most of them (68%) presented a gestational age between the 7th and 14th week. 54.3% of the women had complete or incomplete high school education. Serological analysis showed cytomegalovirus (CMV) as the most common vertically transmitted infection with 97.1% positivity, followed by rubeola with 95.2%. Toxoplasmosis showed 54.3% positivity, Chagas disease 1.9% and syphilis 0.95%. Anatomopathological analysis showed inflammation in 63.1% of the cases and absence of inflammation in 34%. The results of the serological, anatomopathological and parasitological analysis of the 105 participants showed that 57 women were T. gondii positive. However, none showed positivity in the polymerase chain reaction (PCR) or in mouse inoculation. CONCLUSIONS: The prevalence of diseases with the risk of vertical transmission is important in women with spontaneous abortion, indicating the need for more research in order to investigate the etiology of abortion.