Este estudo objetiva relatar os pontos principais do processo psicoterapêutico de um menino de dois anos e oito meses que apresentava transtorno de identidade de gênero, ou seja, sentia-se pertencente ao gênero feminino e desempenhava papéis a ele inerentes. O processo de base sistêmica novo-paradigmática e psicodramático foi permeado pelas modalidades individual, grupal e familiar, e se apoiou em técnicas psicodramáticas, recursos lúdicos e desenhos. A terapia desenvolveu-se por 24 meses e três encontros de follow up, e apresentou os seguintes resultados: ressignificação por parte da família quanto à relação e vínculo com a criança, o que possibilitou novas organizações interacionais e a construção de novos significados em torno da dinâmica familiar, permitindo que o menino também ressignificasse a sua importância e o seu lugar nessa família. Assim, diferenciou-se emocionalmente de sua irmã, aceitou sua identidade masculina, com conseqüente desempenho de papéis sociais a ela vinculados, manifestando mais segurança e autoria de vida.
The purpose of this paper is to report the main points of the psychotherapeutic process of patient who was a 2-year-and-8-months-old-boy, who presented gender identity disfunction, i.e., the patient used to play a female role. In accordance with the psychodrama and the new paradigmatic approaches, the process was composed by individual, group and family modalities, with the psychodrama techniques, games resources and drawings support. The process has taken twenty-four month, followed by three follow-ups sessions. The process results were: the child's relationship and bonding re-meaning by family and the patient, new interactive organizations and new family dynamic meanings. As a consequence, the patient could elaborate the emotional differentiation from his sister, accepting his male identity that allowed his social roles performance.