O sistema de agricultura migratória constitui um dos principais modelos de agricultura praticados na região Amazônica. Este trabalho teve por objetivo avaliar o balanço de nutrientes no ecossistema florestal após a derrubada da vegetação primária e sua queima. Após a retirada e queima da mata, foi instalado um experimento para comparar áreas queimadas sem cultivo (queimado) e áreas queimadas com cultivo de arroz (cultivado). Estas áreas ainda foram contrastadas com uma área de vegetação primária (mata), considerada como referência. O procedimento da queimada consumiu 36,3 % da biomassa inicial e originou 5,5 Mg ha-1 de cinzas com significativas quantidades de nutrientes, principalmente Ca, Mg e K. A prática da queima como meio de limpeza do terreno apresentou baixa eficiência, uma vez que apenas um pequeno percentual da fitomassa inicial foi convertido em cinzas e grande parte dessa biomassa permaneceu na área na forma de resíduos. Mesmo com a reposição de nutrientes, como Ca, Mg, K, pelas chuvas da região, houve uma considerável remoção de N, P, K, Ca, Mg e S, seja pela ação direta do fogo e do vento sobre as cinzas, seja pela remoção pela cultura. No balanço final, a área queimada sem cultivo apresentou maior perda de nutrientes do que a queimada e cultivada, denotando a importância da cobertura do solo na manutenção de elementos no sistema. Ao final do ciclo da cultura, ainda se verificou o efeito residual das cinzas no sistema, evidenciado pelos valores de P, K, Ca e Mg superiores aos do controle (mata).
The system of shifting cultivation is one of the main agriculture models used in the State of Rondônia, as well as in other areas of the Brazilian Amazon. This paper aimed at na evaluation of the nutrient balance in the forest ecosystem after cutting down and burning the primary vegetation. After felling and burning the forest, an experiment was conducted to compare burned areas without cultivation (burned) to burned areas with cultivation of rice (cultivated). Furthermore, these areas were compared with an area of primary vegetation (forest) used as reference. Burning consumed 36.3% of the initial biomass and produced 5.5 Mg ha-1 of ashes with significant amounts of nutrients, mainly Ca, Mg, and K. To clear areas by means of burning turned out to be a practice of low efficiency, because only a small percentage of the original biomass was converted into ashes and the greatest part remained in the form of residues. Even with the restitution of nutrients such as Ca, Mg, K by rain, there was a considerable removal of N, P, K, Ca, Mg, and S, on the one hand by direct action of the fire, on the other through the carrying off of the ashes by the wind, and/or the removal by the crop. Results indicated that nutrient loss in the burned uncultivated area was greater than in the burned cultivated one, demonstrating the importance of soil covering to keep the elements in the system. At the end of the culture cycle, the residual effect of the ashes was still noticeable in the system, clearly expressed by the P, K, Ca, and Mg values which were higher than those measured in the control area (forest).