Estudo transversal, realizado de agosto/1998 a novembro/2000, envolvendo 207 pacientes hansenianos com o objetivo de analisar o perfil socioeconômico, demográfico e ambiental e as incapacidades físicas em decorrência da doença. O estudo foi desenvolvido em Buriticupu, área hiperendêmica em hanseníase, localizado na Amazônia do Maranhão. O grau de incapacidade foi determinado de acordo com o Ministério da Saúde do Brasil. A avaliação clínica e os resultados do exame físico foram registrados em uma ficha padronizada. Observou-se predomínio de pessoas casadas (45,9%), com escolaridade de 1º grau (56%), lavradores (40,1%), com renda familiar inferior a um salário mínimo (76,3%), na faixa etária de 14 a 44 anos (63,3%), do gênero masculino (60,9%) e da cor parda (67,6%). 44% residiam em casa de taipa, 82,6% destinavam os dejetos em fossa negra, 63,8% lançavam o lixo a céu aberto, 58% utilizavam água proveniente de poço e 51,7% não tratavam a água utilizada para ingestão. A maioria (75,4%) apresentava algum grau de incapacidade física, sendo predominante o Grau I (67,6%). Os segmentos mais afetados foram pés (62,3%), olhos (51,2%) e mãos (7,2%), sendo o maior percentual de incapacidades físicas observado entre os da forma dimorfa (93%) principalmente em mãos e pés, e na forma virchowiana maior freqüência de incapacidades oculares. Conclui-se que a hiperendemicidade associada a precárias condições socioeconômicas e ao elevado índice de incapacidades físicas podem interferir na qualidade de vida dos pacientes.
An epidemiological cross-sectional study of 207 patients with leprosy disease, was undertaken between August 1998 to november 2000, aiming at evaluating the socioeconomic, demographic and ambiental profiles of the patients as well as physical incapacity due to the disease. The study was performed in the municipality of Buriticupu-Maranhão state, a hiperendemic leprosy area in the Amazonian Maranhão. The level of incapacity was assessed from parameters established by the Brazilian Health Minister. The clinical evaluation and the results of the physical tests were registered in a standardized form. It was observed a predominance of married people (45,9%), with low level of education (56%), being lend workers (40,1%), with familiar income to the minimum wage (76,3%), aged from 14 to 44 years (63,3%), males (60,9%) and brown (67,6%); 44% living in mud huts, 82,6% deposited their excrements in cesspits and 63,8% do not treat the drinking water, 58% utilized well-water and 51,7% do not use treated water for ingestion. The most affected segments of the body were the feet (62,3%), eyes (51,2%) end hands (7,2%), being the higher percentage of physical incapacitaties found among the patients bearing the borderline form of the disease (93%) mainly hands and feet, and in the virchowian form greatest frequency of eyes incapacities. It is concluded that the hyperendemicity associated with the precarious socioeconomic conditions and with a high level of physical incapacities may be involved with the living quality of the patients.