O femicídio é a morte intencional de uma mulher pelo fato de ser mulher. O termo permite diferenciar os crimes por violência de gênero dos homicídios de mulheres em outras circunstâncias. O objetivo deste trabalho é caracterizar os femicídios, também chamados feminicídios, que ocorreram em 2015 em Campinas, São Paulo, Brasil. Foram tomadas como fonte de informação as declarações de óbitos de residentes da cidade cuja causa básica do óbito foi classificada como causa externa. Entrevistas semiestruturadas foram realizadas aplicando-se o método de autópsia verbal, e, classificados os casos de femicídio como: íntimo, não íntimo e por conexão. No ano de 2015, foram recebidas 582 declarações de óbitos por causas externas, 185 corresponderam a homicídios, sendo 26 (14,1%) femininos. Dentre esses, 19 foram classificados como femicídio. A média de idade das vítimas foi de 31,5 anos (desvio padrão 7,18 anos). A maioria correspondeu a mulheres brancas (47,4%), com Ensino Fundamental (52,6%), solteiras (63,2%), com filhos (84,2%). As mortes, em geral, ocorreram por mecanismos altamente violentos, na forma de agressão física e sexual. Os assassinatos foram perpetrados no domicílio da vítima, com arma branca ou de fogo, com expressiva violência, motivados, principalmente, pelo desejo de separação da vítima, ciúmes e desentendimento com o agressor. Em Campinas, o coeficiente de mortalidade por femicídio foi de 3,2 por 100 mil mulheres em 2015, o que correspondeu à morte de uma em cada 31.250 mulheres no ano. Os resultados da pesquisa permitem ver que o femicídio na cidade é a principal categoria entre os homicídios femininos. As consequências desse tipo de violência são consideráveis em termos de violação de direitos humanos. Este estudo auxilia a compreensão das motivações e consequências da violência contra a mulher e contribui para uma melhor visibilidade sobre o tema.
Femicide is the intentional killing of a woman or girl on account of her gender. The term allows differentiating crimes of gender violence from murders of women in other circumstances. The aim of this study is to characterize femicides, sometimes called feminicides, that occurred in 2015 in Campinas, São Paulo State, Brazil. The information was obtained from death certificates of city residents whose underlying cause of death had been classified as external cause. Semi-structured interviews were held by applying the verbal autopsy method, and femicides were classified as: intimate partner, non-intimate partner, and by connection. In the year 2015 there were 582 deaths from external causes, 185 of which were homicides, and 26 (14.1%) of the latter were females. Of these, 19 were classified as femicides. Victims’ mean age was 31.5 years (standard deviation 7.18). The majority of the women were white (47.4%), had complete primary schooling (52.6%), single (63.2%), and with children (84.2%). The deaths generally occurred by highly violent mechanisms in the form of physical and sexual aggression. The murders were perpetrated in the victim’s domicile with cold steel weapons or firearms, with extreme violence, motivated mainly by the victim’s desire for separation, jealousy, and misunderstanding with the aggressor. The mortality coefficient for femicide was 3.2 per 100,000 women in 2015, corresponding to one death for every 31,250 women that year. The study’s results show that femicide in Campinas is the main category of murders of women. The consequences of this type of violence are enormous in terms of human rights violations.
El feminicidio es la muerte intencional de una mujer por el hecho de ser mujer. El término permite diferenciar los crímenes por violencia de género de los homicidios de mujeres en otras circunstancias. El objetivo de este trabajo es caracterizar los feminicidios que se produjeron en 2015 en Campinas, São Paulo, Brasil. Se tomó como fuente de información las declaraciones de óbitos de residentes de la ciudad, cuya causa básica del fallecimiento fue clasificada como causa externa. Se realizaron entrevistas semiestructuradas aplicando el método de autopsia verbal y clasificando los casos de feminicidio como: íntimo, no íntimo y por conexión. Durante el año 2015 se recibieron 582 declaraciones de óbito por causas externas, 185 correspondieron a homicidios, siendo 26 (14,1%) femeninos. Entre ellos, 19 se clasificaron como feminicidio. La media de edad de las víctimas fue 31,5 años (desviación estándar 7,18 años). La mayoría correspondió a mujeres blancas (47,4%), con enseñanza fundamental (52,6%), solteras (63,2%), con hijos (84,2%). Las muertes, en general, se produjeron por mecanismos altamente violentos, en forma de agresión física y sexual. Los asesinatos los perpetraron en el domicilio de la víctima con arma blanca o de fuego, con manifiesta violencia, motivados principalmente por el deseo de separación de la víctima, celos o disputas con el agresor. En Campinas, el coeficiente de mortalidad por feminicidio fue de 3,2 por cada 100.000 mujeres en 2015, lo que correspondió a la muerte de una de cada 31.250 mujeres al año. Los resultados de la investigación permiten observar que el feminicidio en la ciudad es la principal categoría entre los homicidios femeninos. Las consecuencias de este tipo de violencia son considerables en términos de violación de derechos humanos.