Neste trabalho, foi estudada a macrofauna bentônica da franja do infralitoral da Praia do Codó, Ubatuba, em uma área com a presença da angiosperma marinha Halodule wrightii Ascherson e em área próxima desprovida de vegetação, trimestralmente, no período de dezembro de 1984 a dezembro de 1985. Analisou-se a composição de espécies, a estrutura e a dinâmica da associações da macrofauna e avaliou-se sua relação com os fatores tipo de sedimento e presença da vegetação. Foram utilizados tubos de PVC de 78,5 cm de área de secção, enterrados a 10 cm no sedimento, e peneira de 0,5 mm de abertura de malha no estudo da macrofauna. A granulometria, a matéria orgânica no sedimento e o peso seco da vegetação foram analisados. O trabalho mostrou que os habitats diferiram quanto à composição em espécies da macrofauna bentônica. Espécies de poliquetos infaunais comedores de depósito de superfície foram as dominantes na área com Halodule e poliquetos infaunais carnívoros/omnívoros ou filtradores, na área desprovida de vegetação. Estas diferenças puderam ser explicadas principalmente pelas diferenças observadas nas características do sedimento e na estabilidade do fundo e, secundariamente, pela presença ou ausência da vegetação. Não se observou qualquer efeito da presença da vegetação sobre a densidade do macrobentos, provavelmente, em função do pequeno tamanho das plantas que não oferecem substrato para uma epifauna abundante; ainda assim, o número de espécies e a diversidade de espécies, bem como o número de espécies da epifauna, foram maiores na área de Halodule do que na área sem vegetação. Não foi observado um padrão de variação temporal significativo da abundância e diversidade da macrofauna, mas, em geral, a diversidade foi maior na primavera, nos dois habitats. A variação temporal da abundância diferiu entre os dois locais. Na área sem vegetação, a maior instabilidade do fundo deve ser a causa das variações observadas. Na área com Halodule, as flutuações não foram muito pronunciadas e não acompanharam as da biomassa das plantas, que foi mais alta no verão. Sugere-se que o efeito da predação seja um dos fatores controladores da densidade da macrofauna na área com Halodule.
A year's survey conducted at a seagrass (Halodule wrightii Ascherson) bed and an adjacent bare sand area, on Codó Beach, Ubatuba, southern Brazil, showed that the macrobenthic species composition was different at the two habitats. Surface deposit feeder infaunal polychaetes were the dominant species in the Halodule site and omnivorous/carnivorous and filter feeder polychaetes, in the bare sand. These differences could be explained mainly by the characteristics of the sediment and the stability of the bottom and, secondly, by the presence of Halodule. The presence of vegetation has no effect on density of macrobenthos, probably due to the small size of Halodule plants, which do not support an abundant epifauna. Despite that fact, both number and diversity of species were higher in the seagrass area than in the unvegetated site, as was epifaunal abundance. Significant patterns of temporal fluctuations of macrobenthos abundance and species diversity were not observed, but diversity was the highest in Spring at both habitats. The temporal fluctuations of abundance differed in the two habitats. At the unvegetated site instability of the substrate seems to be responsible for the observed fluctuations in densities. At the Halodule site only light fluctuations occurred, though they did not follow those of macrophyte biomass. Macropredator effects are suggested to be one of the controling factors of macrobenthos density at the vegetated habitat.