A macroglobulinemia de Waldenström (MW) é uma doença linfoproliferativa dos linfócitos B, caracterizada por um linfoma linfoplasmocítico na medula óssea e por hipergamaglobulinemia monoclonal de tipo IgM. Foi descrita pela primeira vez em 1944, por Jan Gösta Waldenström, que descreveu dois doentes com hemorragia oronasal, adenopatias, anemia, trombocitopenia, velocidade de sedimentação eritrocitária e viscosidade sérica elevadas, radiografia óssea normal e medula óssea infiltrada por células linfoides. A MW é uma doença rara com um percurso clínico normalmente indolente, atingindo principalmente os indivíduos com idades entre 63 e 68 anos. A maioria dos doentes apresenta sintomas e manifestações clínicas relacionadas com a hiperviscosidade, resultante da gamopatia monoclonal IgM e/ou com as citopenias, resultantes da infiltração medular pelo linfoma. O diagnóstico diferencial com outros linfomas é essencial para a avaliação do prognóstico e a abordagem terapêutica. O tratamento dos doentes com MW assintomática não melhora a qualidade de vida do doente nem aumenta a sua sobrevivência, recomendando-se o acompanhamento clínico. Para o tratamento dos doentes sintomáticos, são usados agentes alquilantes, análogos das purinas e anticorpos monoclonais anti-CD20. No entanto, a doença é incurável e a resposta à terapêutica nem sempre é favorável. Estudos relativamente recentes mostram resultados promissores com o bortezomibe, um inibidor dos proteossomas, e alguns doentes respondem à talidomida. Nos doentes com recidivas ou refratários à terapêutica, pode-se indicar o transplante autólogo. O objetivo deste trabalho é descrever, de forma detalhada, o conhecimento atual sobre a fisiopatologia da MW, as principais manifestações clínicas, o diagnóstico, o prognóstico e o tratamento.
Waldenström's macroglobulinemia (WM) is a lymphoproliferative disease of B lymphocytes, characterized by a lymphoplasmocytic lymphoma in the bone marrow and by IgM monoclonal hypergammaglobulinemia. It was first described in 1944 by Jan Gösta Waldenström, reporting two patients with oronasal bleeding, lymphadenopathy, anemia, thrombocytopenia, high erythrocyte sedimentation rate and serum viscosity, normal radiography and bone marrow infiltrated by lymphoid cells. The WM is a rare disease with a typically indolent clinical course, affecting mainly individuals aged between 63 and 68 years. Most patients have clinical signs and symptoms related to hyperviscosity resulting from IgM monoclonal gammopathy, and/or cytopenias resulting from bone marrow infiltration by lymphoma. The differential diagnosis with other lymphomas is essential for the assessment of prognosis and therapeutic approach. Treatment of patients with asymptomatic WM does not improve the quality of life of patients, or increase their survival, being recommended, therefore, their follow-up. For the treatment of symptomatic patients, alkylating agents, purine analogs and anti-CD20 monoclonal antibodies are used. However, the disease is incurable and the response to therapy is not always favorable. Recent studies have shown promising results with bortezomib, an inhibitor of proteasomes, and some patients respond to thalidomide. In patients with relapse or refractory to therapy, autologous transplantation may be indicated. The aim of this paper is to describe in detail the current knowledge on the pathophysiology of WM, main clinical manifestations, diagnosis, prognosis and treatment.