Resumo Pode-se facilmente argumentar que desde o desmerecimento do socialismo utópico do século XIX por Marx e Engels, caracterizando o utopismo como um “idealismo profunda e estruturalmente avesso ao político”, a utopia migrou para a ficção. Sem surpresa, Alain Badiou declarou a famosa “paixão pelo real” como o “principal traço subjetivo” do século XX. O (início) do século XXI também sucumbiu impotentemente à erupção do real. Mas os tempos que vivemos hoje parecem exigir outra coisa. Nas últimas duas décadas, o pensamento utópico parece ter ressurgido. A gravidade e a monumentalidade das questões que afligem o mundo hoje suscitam uma questão central para os artistas: face a uma catástrofe iminente, para que serve a imaginação utópica no fim dos tempos? Qual é o propósito dos empreendimentos artísticos em um mundo finito. A ficção utópica (ou distópica) lidou sempre com visões de um futuro ancorado em cenários possíveis ou impossíveis, ajudando o mundo a corrigir os seus erros, a melhorar, a transformar, a ameaçar com resultados terríveis ou a denunciar as desigualdades actuais. No entanto, se considerarmos que o mundo precisa de iniciar uma nova narrativa, as artes performativas podem ajudar-nos a expandir a imaginação, libertando o pensamento político dos constrangimentos do mundo real e abrindo-nos ao “sonho social”. Neste texto, pretendo combinar uma reflexão especulativa baseada em estudos utópicos e no teatro político, considerando que as artes performativas estão numa posição particularmente boa para intervir no “imaginário social”. Este enquadramento incita-nos a repensar as possibilidades do teatro político hoje e a sua ontologia, lutando pelo enraizamento da utopia (artística) no imaginário da política, confiando que a arte e o teatro poderão ajudar-nos a inventar cenários que hoje parecem impossíveis ou que ainda não conseguimos conceber. Podese Pode Engels idealismo , político” surpresa paixão principal subjetivo XX início (início coisa décadas ressurgido artistas iminente finito distópica erros melhorar transformar actuais entanto narrativa ajudarnos ajudar nos abrindonos abrindo sonho social. social . social” texto incitanos incita ontologia artística (artística política conceber
Abstract One can easily argue that since Marx and Engels demise of nineteenth century Utopian socialism, characterizing Utopianism as an “idealism deeply and structurally averse to the Political”, utopia has migrated into fiction. With no surprise, Alain Badiou has famously declared the “passion for the real” as the twentieth century’s “major subjective trait”. The (early) twenty first century has also succumbed helplessly to the eruption of the real. But the times we live today seem to be claiming for something else. Over the past two decades utopian thinking seems to have resurfaced. The severity and monumentality of the issues that afflict the world today are inciting a central question for artists: in the face of an imminent catastrophe, what is the use of utopian imagination at the end of times? What is the purpose of artistic endeavours in a finite world. Utopian (or dystopian) fiction and has always dealt with the envisioning of a future anchored in possible or impossible scenarios, helping the world to correct its wrong doings, to improve, to transform, to threat with dreadful outcomes or to denounce present inequalities. However, if we consider that the world needs to start a new narrative, performing arts can help us to expand imagination, freeing political thinking from the constraints of the real world and wide open to “social dreaming”. In this paper, I aim to combine a speculative reflection grounded on utopian studies and in political theatre considering that performing arts are in a particularly good position to intervene in “social imaginary. This frame incites us to rethink the possibilities of political theatre today and its ontology, fighting for the rooting of (artistic) utopia in the imagination of politics, trusting that art and theatre will be able to help us to invent scenarios that today seem impossible or that we have not yet managed to conceive. socialism idealism Political, Political , Political” surprise passion centurys s major trait. trait . trait” early (early else resurfaced artists catastrophe dystopian doings improve transform inequalities However narrative social dreaming. dreaming dreaming” paper imaginary ontology (artistic politics conceive