Este trabalho investigou a margem de segurança do inibidor COX-2, meloxicam, em cães, enfocando seus efeitos deletérios nas células sangüíneas e no trato gastrintestinal. Para tanto, após uma avaliação clínico-laboratorial, os cães foram distribuídos nos seguintes grupos: I (placebo; n= 3), II (piroxicam; 1,0mg kg-1; n= 5), III (meloxicam; 0,2mg kg-1; n= 5), IV (meloxicam;1,0mg kg-1; n= 5) e V (meloxicam; 2,0mg kg-1; n= 5). Os fármacos foram usados, por via oral, por 16 dias. No 17º dia, repetiu-se o hemograma completo e, então, procedeu-se a eutanásia seguida pela necrópsia. No grupo I, não houve alterações dignas de nota. No grupo II, todos os cães apresentaram episódios moderados de vômito e diarréia. O perfil celular sangüíneo não foi significativamente modificado. Em dois cães, houve redução no hematócrito e na hemoglobina. Na necropsia, observaram-se focos hemorrágicos e lesões gastriduodenais moderadas. A análise microscópica revelou a presença de gastrite e enterite ulcerativa. No grupo III, quatro cães (80%) apresentaram vômito e diarréia, sem alteração no perfil celular sangüíneo. Na análise macroscópica, observaram-se lesões brandas na mucosa gástrica e focos hemorrágicos no duodeno em quatro cães. Na histopatologia, observaram-se lesões sugestivas de discreta gastroenterite. No grupo IV, os cinco cães tiveram vômito e diarréia sanguinolenta. Quatro deles (80%) apresentaram anemia (p < 0,05). Quatro e cinco cães apresentaram redução no hematócrito e hemoglobina, respectivamente. Ocorreram, ainda, leucocitose, neutrofilia e linfopenia significantes (p < 0,05), em 60% dos cães. Na necrópsia, evidenciaram-se hiperemia, hemorragia e úlceras gástricas severas em 100% dos animais. Verificou-se na microscopia um quadro de gastroenterite ulcerativa nos cinco cães. No grupo V, todos os cães apresentaram sérios episódios de vômito, diarréia e melena. Os quatro (80%) cães que suportaram o tratamento apresentaram anemia e leucocitose com neutrofilia e linfopenia significativas (p< 0,05). Houve, ainda, uma redução no hematócrito e hemoglobina desses cães. Na necropsia, foram visualizadas hemorragias e graves ulcerações gastroduodenais. À histopatologia, evidenciou-se severa gastroenterite. Conclui-se que o meloxicam, mesmo sendo COX-2 seletivo, induz efeitos deletérios no trato gastrintestinal e células sangüíneas de cães, quando administrado em concentrações cinco e dez vezes a dose terapêutica, que demonstram sua estreita margem de segurança nesta espécie.
This study investigated the margin of safety of the COX-2e inhibitor, meloxicam on blood cells and gastrointestinal tract of dogs. After a clinical and laboratorial examination, the dogs were distributed in the following groups: I (placebo; n=3), II (piroxicam: 1.0mg kg-1; n=5), III (meloxicam: 0.2mg kg-1; n=5), IV (meloxican: 1.0mg kg-1; n=5) and V (meloxican: 2.0mg kg-1; n=5). The drugs were given orally for 16 days. On the 17th day the complete hemogram was repeated and the euthanasia and necropsy were then accomplished. In group I there were no significative alterations. In group II, all the dogs showed moderate episodes of vomit and diarrhea. The blood-cell profile was not modified. Two dogs had hematocrit and hemoglobin reduction. In the necropsy, hemorrhagic spots and moderate gastroduodenal lesions were seen. The microscopic analysis revealed the presence of gastritis and ulcerative enteritis. In group III, four dogs (80%) showed vomit and diarrhea, without alteration in blood-cell profile. The microscopic analysis showed mild lesions in the gastric mucosa and hemorrhagic spots in the duodenum of four dogs. Histology showed lesions suggesting mild gastroenteritis. In group IV, all the dogs (n=5) showed vomit and blood diarrhea. Four of them showed anemia (p <0.05). Four and five dogs, respectively, had hematocrit and hemoglobin reduction. In addition, there was a significant (p<0.05) leukocytosis, neutrophilia and linfopenia in 60% of the dogs. The necropsy showed hiperemia, hemorrhage and severe gastric ulcers in all the dogs. In the microscopic analyses, gastroenteritis ulcerative was present in all the animals. In group V, the dogs (n=5) had serious vomit, diarrhea and melena episodes. The dogs that bore the treatment (n=4) had anemia and leukocytosis with neutrophilia and linfopenia significatives (p<0.05). All the dogs had hematocrit and hemoglobin reduction. In the necropsy, hemorrhages and severe gastroduodenal ulceration were seen. The microscopic analysis showed severe gastroenteritis. It can be concluded that, although meloxicam is a COX-2 selective inhibitor, it induces deleterious effects on gastrointestinal tract and blood cells of dogs, when given five or ten times the therapeutic dose, which demonstrate its low margin of safety in this animal specie.