Racional - Foram estudados 125 pacientes com hepatite crônica ativa e cirrose pós-hepatite por vírus B ou C, e diferentes graus de acometimento funcional hepático. Objetivo - Traçar um perfil hormonal tiroidiano nesses pacientes. Material e Métodos - Os pacientes foram divididos em quatro grupos: a) 31 com hepatite crônica ativa; b) 41 com cirrose pós-hepatite Child A; c) 35 com cirrose pós-hepatite Child B e d) 18 com cirrose pós-hepatite Child C. Além das dosagens séricas de albumina e bilirrubina, determinação do tempo de atividade da protrombina e avaliação da presença de ascite e encefalopatia hepática, todos foram submetidos a dosagens séricas de triiodotironina (T3), tiroxina (T4), hormônio estimulador da tiróide (TSH), tiroxina livre (FT4), triiodotironina reversa (rT3), cálculo do índice rT3/T3 (IrT3) e realização do teste do TRH. Resultados - Quando se compararam as médias dos resultados dos testes entre os diferentes grupos, observou-se que o T3 foi o exame mais expressivo, gradativamente mais baixo, quanto mais avançada a doença (hepatite crônica ativa: 149,2 ± 42,3 ng/dL; cirrose pós-hepatite Child A: 137,4 ± 37,2 ng/dL; cirrose pós-hepatite Child B: 88,0 ± 28,4 ng/dL e cirrose pós-hepatite Child C: 41,8 ± 21,9 ng/dl). Os níveis do TSH, T4 e FT4 foram normais na maioria dos pacientes, porém níveis séricos baixos do T4 (4,5 ± 2,0 µg/dL) e FT4 (0,7 ± 0,4 ng/dL) e elevados do TSH (7,2 ± 11,5 µIU/mL), rT3 (60,8 ± 52,1 ng/dL) e IrT3 (2,2 ± 2,6) eram mais freqüentes nos pacientes com cirrose pós-hepatite Child C. O teste do TRH foi normal na maioria dos pacientes. Conclusão - O estudo mostra relação direta entre os níveis séricos baixos do T3 e elevados do rT3 e do IrT3 com o grau de disfunção hepática, segundo a classificação de Child-Pugh.
Background - One hundred and twenty five patients with virus B or C chronic active hepatitis and postnecrotic cirrhosis and different degrees of liver dysfunction were studied. Aim - 1) To determine a thyroid hormonal profile; 2) to evaluate the prognostic value of these tests in relation to the progression of the disease and mortality; 3) compare these findings with Child-Pugh classification. Patients and Methods - The patients were divided in four groups: a) 31 with chronic active hepatitis; b) 41 with postnecrotic cirrhosis Child A; c) 35 with postnecrotic cirrhosis Child B and d) 18 with postnecrotic cirrhosis Child C. The protocol comprised serum measurements of albumin and bilirrubin, estimates of prothrombin time and clinical evaluation of ascites and encephalopathy, measurement of total serum triiodothyronine, thyroxine, thyroid-stimulating hormone, free thyroxine, reverse triiosothyronine, calculated rT3/T3 index (IrT3) and thyrotropin-releasing hormone test. Results - Total serum triiodothyromnine showed the most significant difference among the groups, gradually lower as the disease became more advanced (CAH: 149,2 ± 42,3 ng/dL; PNC-A: 137,4 ± 37,2 ng/dL; PNC-B: 88,0 ± 28,4 ng/dL and PNC-C: 41,8 ± 21,9 ng/dL). Low levels of T4 (4,5 ± 2,0 µg/dL) and FT4 (0,7 ± 0,4 ng/dL) and elevated levels of thyroid-stimulating hormone (7,2 ± 11,5 µIU/mL), reverse triiosothyronine (60,8 ± 52,1 ng/dL) and calculated rT3/T3 index (2,2 ± 2,6) were more frequent in patients with postnecrotic cirrhosis Child C. Thyrotropin-releasing hormone test was normal in the majority of the patients. Conclusion - The present study shows a positive relationship between the low serum levels of T3 and elevated serum levels of rT3 and IrT3/T3 with the degree of hepatic dysfunction according to the Child-Pugh classification.