Dentre as diversas árvores frutíferas nativas dos cerrados, a cagaiteira (Eugenia dysenterica DC.) merece destaque pelo seu amplo potencial econômico. A fim de fornecer algumas informações relativas ao padrão espacial da variabilidade genética desta espécie, foram realizadas análises de autocorrelação espacial das freqüências alélicas em dez subpopulações locais da região sudeste do Estado de Goiás. Foram utilizados marcadores isoenzimáticos, em um total de seis sistemas enzimáticos (SKDH, 6-PGD, alfa-EST, MDH, PGI e PGM), com oito locos polimórficos. Foi realizada uma análise de autocorrelação espacial, utilizando índices I de Moran estimados em quatro classes de distância geográfica. Os correlogramas mostraram que, de fato, a divergência genética está estruturada no espaço em um padrão clinal de variação. Simulações de evolução neutra da variação nas freqüências alélicas entre as subpopulações, geradas a partir de um processo Ornstein-Uhlenbeck (O-U), foram utilizadas para avaliar os padrões espaciais sob essa hipótese e compará-los com os correlogramas obtidos com as freqüências alélicas. As análises indicaram que um processo estocástico (evolução neutra) deve ser o responsável pela diferenciação genética dessas populações, havendo assim um balanço entre fluxo gênico em pequenas distâncias geográficas e deriva genética dentro das populações locais, como o esperado para modelos de isolamento-por-distância ou "stepping-stone".
Among the many fruit trees from "cerrado" region that show large economic potential in traditional agricultural systems, the "cagaiteira" (Eugenia dysenterica DC.) deserves a special place. In this work, spatial autocorrelation analyses were used to evaluate spatial patterns of genetic variation among ten local populations from southeastern Goiás State, Brazil. Six isoenzymatic markers (SKDH, 6-PGD, alpha-EST, MDH, PGI e PGM) were used to evaluate genetic variability, in a total of eight polymorphic loci. Moran’s I coefficients were estimated for four geographic distance classes, and correlograms thus obtained showed clinal patterns of variation for most alleles. Simulations of neutral evolution among local populations were performed using the Ornstein-Uhlenbeck process, both to establish null patterns to test this hypothesis and to define the limits of similarity among correlograms. These analyses showed that population differentiation in this species probably occurred under a neutral process in which local drift is counteracted by low geographic distance gene flow, as in isolation-by-distance or stepping-stone models.