RESUMO Objetivo Avaliar o efeito do internato em saúde mental nas atitudes dos alunos de medicina quanto ao portador de transtorno mental (PTM). Métodos Atitudes foram avaliadas por questionário antes e depois do internato, por meio dos fatores: “aceitação social de PTM” (F1), “não acreditar em causas sobrenaturais para doença mental” (F2), “papéis sociais comuns para PTM” (F3), “acreditar em causas psicossociais para doença mental” (F4), “intimidade” (F5). Diferenças foram avaliadas por meio de testes t, fatores confundidores por ANOVA e correlações entre expectativa de melhora e fatores por Pearson. Resultados 74 de 85 alunos responderam ao questionário. Houve redução significativa em quatro fatores avaliados (F1, p < 0,001, F2, p = 0,002, F3, p = 0,04, F5, p < 0,001). Uma associação entre ter um amigo PTM e F3 foi identificada antes do curso (p = 0,04), porém não após (p = 0,13). Houve correlação positiva entre crenças de melhora e atitudes negativas com o F2 antes do curso (p = 0,01), mas não após. F5 esteve relacionado com a expectativa de melhora (p < 0,001) após o curso, indicando melhores atitudes quando melhor expectativa. Observou-se a melhora da expectativa quanto a resposta ao tratamento da esquizofrenia (p = 0,02), transtorno bipolar (p = 0,03) e transtorno de ansiedade (p = 0,03). Conclusões O internato esteve associado à redução de atitudes negativas com relação aos PTMs. O contato direto com o paciente parece ter influência direta nessa redução. Acreditamos que, mais importante do que possíveis efeitos de esclarecimento sobre causas do adoecimento, a desconstrução do mito sobre o louco violento é essencial para a melhora das atitudes. Estudos com populações de outras regiões do Brasil e voltadas para avaliação do medo de violência são necessários para a confirmação dessa hipótese e do efeito do internato sobre os alunos.
ABSTRACT Objective To evaluate and measure the effects of mental health internship on Medicine Students (MS) attitudes towards people with mental illness (PMI). Methods MS was submitted to an attitude questionnaire previously and after the mental health internship. Their attitudes were measured inside five factors: (F1) “social acceptance of PMI”, (F2) “normalizing roles for PMI”, (F3) “non-belief in supernatural causes for mental illness”, (F4) “belief in bio-psychosocial causes for mental illness,” and (F5) “near contact with PTM”. T-tests were used to evaluate factor differences, confounding factor were analyzed by ANOVA and correlations through Pearson’s correlation test. Results 74 of 85 students responded. There were a significant reduction in four factors (F1, p < 0.001, F2, p = 0.002, F3, p = 0.04, F5, p < 0.001). An association between having a PMI friend and F3 was identified before the course (p = 0.04), but not after (p = 0.13). A positive correlation was identified between belief in disease improvement and negative F2 attitudes before course (p = 0.01), but not after (0.40). F5 was related with disease improvement after course (p < 0.001), suggesting positive attitudes when improvement is expected. There were an increase in improvement expectations after course for schizophrenia (p = 0.02), bipolar disorder (p = 0.03) and anxiety (p = 0.03). Conclusions Mental health internship was related to a decrease in negative attitudes towards PMI. Personal contact seems to influence this improvement. We believe that the reduction of fear toward PMI is more powerful to reduce stigma than the acquisition of knowledge about its natural causes. More studies with a regionally distinct population in Brazil and aimed to measure the impact of fear are necessary to confirm this hypothesis.