OBJETIVO: Uma das principais preocupações mundiais quanto ao uso de medicamentos está relacionada à utilização de antimicrobianos. Nos países em desenvolvimento, poucos recursos são empregados na monitorização de ações sobre o uso racional de medicamentos. São, também, limitados os dados sobre o uso daqueles agentes em hospitais. Assim realizou-se estudo para determinar os padrões de uso de antimicrobianos em hospital num período de sete anos (1990 a 1996). MÉTODOS: O estudo foi realizado em um hospital universitário, terciário, com 690 leitos, localizado em Porto Alegre, RS. Os registros hospitalares foram revisados visando identificar o consumo de antimicrobianos por pacientes internados, sendo os resultados expressos em dose diária definida (DDD) por 100 leitos-dia. A análise de conglomerados foi realizada para determinar as tendências de consumo dos agentes individuais. RESULTADOS: O consumo de antimicrobianos aumentou com o correr dos anos, passando de 83,8 DDD por 100 leitos-dia, em 1990, a 124,58 DDD por 100 leitos-dia em 1996. O grupo de medicamentos mais utilizado foi de penicilinas (39,6%), seguido por cefalosporinas (15,0%), aminoglicosídeos (14,4%), sulfonamidas (12,8%), glicopeptídeos (3,6%) e lincosaminas (3,1%). Estes grupos foram responsáveis por cerca de 90% do consumo. A análise de conglomerados do uso de antimicrobianos mostrou 13 grupos principais de tendência de consumo. CONCLUSÕES: O consumo de antimicrobianos cresceu no período avaliado, sendo expressivamente mais alto em comparação com o relatado em outros estudos. Quando novas alternativas terapêuticas foram disponibilizadas no hospital, o uso de medicamentos antigos decresceu e, em alguns casos, existiu manutenção dos níveis de consumo. Quando foi realizada intervenção específica como uma campanha para o uso correto de cefoxitina, as mudanças esperadas ocorreram.
OBJECTIVE: There is a worldwide concern about rational drug use, more specifically related to antimicrobial utilization. In developing countries, few resources are intended for monitoring on rational drug use. Moreover, there are limited data on the use of antimicrobial agents in hospitals. A study was carried out to describe patterns of use of antimicrobial agents over a 7-year period (1990 to 1996). METHODS: The study was conducted in a 690-bed tertiary care university hospital in Porto Alegre, Brazil. Hospital records were reviewed to identify inpatient antibiotics use. Results were expressed in defined daily dose per 100-beds/day. Cluster analysis was performed to determine the trends in use of individual agents. RESULTS: Antimicrobials use increased year after year, from 83.8 DDD per 100 beds-day in 1990 to 124.58 DDD per 100 beds-day in 1996. Penicillins were the drug group mostly used (39.6%), followed by cephalosporins (15.0%), aminoglycosides (14.4%), sulfonamides (12.8%), glycopeptides (3.6%), and lincosamides (3.1%). These groups were responsible for around 90% of all agents used. The use of antimicrobial agents was divided into thirteen groups based on cluster analysis. CONCLUSIONS: Antimicrobial use increased dramatically in the study period, and this increase was significantly higher when compared to other studies. When newer alternative agents became available in the hospital, the use of already existing drugs decreased and in some cases remained relatively stable. After implementing specific interventions, such as an effort for the correct use of cefoxitin, the expected changes in use were observed.