Objetivo: verificar se a vacinação contra influenza em crianças infectadas pelo HIV aumentaria a carga viral e reduziria os linfócitos T CD4+, conseqüentes à ativação da imunidade com antígenos dependentes do linfócito T. Métodos: estudo prospectivo descritivo, com 51 crianças infectadas pelo HIV, vacinadas contra influenza em 1999, em Florianópolis, Brasil. Coletaram-se amostras de sangue no dia da vacinação, 14 a 20 e 60 a 90 dias após, para determinação dos níveis da carga viral do HIV e de linfócitos T CD4+. A análise estatística constou dos testes ANOVA de Friedman, t de Student para amostras dependentes, Correção de Bonferroni e Wilcoxon. Resultados: a média de idade foi de 6,08 anos (1 a 12,9 anos). A mediana da contagem de linfócitos T CD4+ no dia da vacinação e nos dois momentos subseqüentes foi de 789, 645 e 768 células/mm³ (p = 0,002, teste ANOVA de Friedman). Observou-se redução significativa na contagem de linfócitos T CD4+ entre a primeira e a segunda determinação (p = 0,0001, teste de Wilcoxon), o mesmo não ocorrendo entre a primeira e a terceira (p = 0,16, teste de Wilcoxon). Não houve diferença significativa nas porcentagens de linfócitos T CD4+ entre a primeira aferição (média = 26,5%) e a segunda (média = 25,5%) (p = 0,22, teste t de Student com Correção de Bonferroni). A mediana da carga viral em log10 cópias/ml foi de 4,38, 4,30 e 4,25, nos três momentos, respectivamente (p = 0,98, teste ANOVA de Friedman). Oito de 44 pacientes (18,2%) evidenciaram elevação > 0,5 log10 cópias/ml na carga viral entre a primeira e segunda aferição, quatro dos quais retornaram aos níveis basais na terceira. Conclusões: não se observou alteração significativa na porcentagem de linfócitos T CD4+, apesar de ocorrer elevação da carga viral do HIV, de forma transitória, após vacinação contra influenza. Recomenda-se uma certa prudência na aplicação da vacina contra influenza para as crianças com condição clínica e imunológica não estável, principalmente se essas não estiverem sob terapêutica anti-retroviral eficaz.
Objective: to identify whether influenza immunization in HIV infected children could increase HIV viral load and decrease CD4+ lymphocytes count as a consequence of the response induced by a T cell-dependent antigen. Methods: prospective, descriptive study, with 51 HIV infected children, vaccinated against influenza in 1999, in Florianópolis, Brazil. Blood samples were collected at three different moments: on the immunization day; between 14 and 20 days later; between 60 and 90 days later. Plasma levels of HIV viral load and CD4+ lymphocytes count were determined. Friedman ANOVA test, Student t-test for dependent samples, Bonferroni correction, and Wilcoxon matched test were performed for statistic analysis. Results: children's mean age was 6.08 years (1 to 12.9 years). The medians of CD4+ lymphocyte count on vaccination day and at the other two moments were 789, 645 and 768 cells/mm³, respectively. A significant reduction was observed in the CD4+ lymphocyte count between the first and the second analyses, but the same did not happen between the first and the third analyses. There was no significant difference of CD4+ lymphocyte percentage between the first and the second analyses. The median of HIV viral load values in log10 copies/ml was 4.38, 4.30 and 4.25, at the three moments respectively. Eight out of 44 patients (18.2%) showed increase > 0.5 log10 copies/ml in HIV viral load between the first and the second analyses and among these, four returned to levels close to their base levels in the third analysis. Conclusion: there was no significant change in the CD4+ lymphocyte percentage, in spite of a transitory increase in HIV viral load after influenza vaccination. Caution should be used when administering vaccine against flu to children with no stable clinical and immunological conditions, mainly if they are not under effective anti-retroviral therapeutics.