RESUMO Eugenia dysenterica DC. (cagaiteira) destaca-se entre as espécies nativas do Cerrado por produzir frutos de sabor agradável, os quais podem ser consumidos tanto in natura quanto processados na forma de doces, compotas e geleias. Apesar do potencial econômico, é uma planta pouco explorada, principalmente devido à baixa durabilidade dos frutos. Assim, este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da embalagem e da temperatura sobre a conservação pós-colheita de frutos de E. dysenterica. Para isto, os frutos de cagaita foram coletados no estádio verde-maduro, ainda ligados à planta-mãe, e levados ao Laboratório de Botânica da Universidade Federal da Bahia, onde foram selecionados quanto à integridade física, ausência de danos mecânicos epatogênicos. Após lavagem em água corrente, os frutos foram secos e acondicionados em bandejas de poliestireno expandido, cobertas por filme de policloreto de vinila (PVC) de 10 micras, perfurados e sem perfuração, e em bandejas sem revestimento de PVC. A perfuração foi realizada visando a maior circulação de ar dentro das embalagens. Em seguida, foram armazenados em duas temperaturas, 5 e 25ºC. Para a avaliação da durabilidade dos frutos, foram realizadas avaliações diárias das características físicas e químicas, incluindo coloração, firmeza, pH, perda de massa, altura e diâmetro. O metabolismo de carboidratos também foi avaliado por meio da quantificação dos açúcares solúveis. Os frutos da cagaita apresentaram durabilidade de 5 dias, independentemente dos tratamentos utilizados, sendo que os submetidos à refrigeração apresentaram sintomas de injúria por frio, alteração da coloração e firmeza (25%), redução de pH e do consumo de carboidratos. Já em frutos mantidos a 25ºC, houve amarelecimento completo, perda de firmeza, aumento do pH e maior consumo de carboidratos. Verificou-se que o uso de embalagens, praticamente, não promoveu efeitos benéficos significativos. Desta forma, concluiu-se que o armazenamento dos frutos em temperatura de 25 e 5ºC não é aconselhável, sendo que esta última causa injúrias, e os frutos, por serem climatéricos, têm vida de prateleira curta.
ABSTRACT Eugenia dysenterica DC. (cagaiteira) stands for being one of the native species from Cerrado that produces fruit of pleasant taste, which can be consumed both in natura and processed as sweets, jams and jellies. Despite its economic potential, it is a little explored plant due to the low durability of the fruits. So, this study aimed at evaluating the effect of packing and temperature upon the post harvest conservation of E. dysenterica fruits. In order to achieve it, the fruits of cagaita were collected in the mature green stage and still linked to the stock plant and taken to the Botanical Laboratory of the Federal University of Bahia, where they were selected according to their physical integrity, lack of mechanical and pathogenic damages. After being washed in running water, the fruits were dried and packed in trays made of expanded polystyrene and covered by perforated and non-perforated polyvinyl chloride film (PVC) of 10 microns and in trays without PVC. After that, they were stored in two temperatures, 5º and 25º. Drilling was carried for increased air circulation inside the package. In order to evaluate the durability of the fruits, daily evaluations of physical and chemical characteristics were taken, including pH, weight loss, height, diameter, hardness and coloring. The carbohydrate metabolism was also evaluated through the quantification of soluble sugars. The fruits of cagaita showed durability of 5 days, independent from the treatments used. The ones which were submitted to refrigeration showed symptoms of damage by cold, alteration of coloring and hardness (25%), reduction of both pH and carbohydrates consumption. On the other hand, the fruits which were kept in 25ºC suffered total yellowing, loss of hardness, increase of pH and higher carbohydrate consumption. It has been verified that the use of packing has practically not promoted significant beneficial effects. Thus, it can be concluded that the storage of the fruits in a temperature of 25 and 5ºC are not advisable, and the last causes damages and, for being climacteric, the fruits have short shelf life.