RACIONAL: A cirurgia de desconexão ázigo-portal com esplenectomia é utilizada no tratamento da complicação hemorrágica varicosa dos esquistossomóticos hepatoesplênicos com hipertensão do sistema portal, no Serviço de Fígado e Hipertensão Portal da Santa Casa de São Paulo. Envolvendo a esplenectomia, os riscos infecciosos e alterações imunológicas imputados a ela têm importância significativa. A esplenectomia subtotal e o auto-implante esplênico foram alternativas descritas para minimizar as conseqüências da esplenectomia nesses doentes. OBJETIVO: Avaliar o estado imunológico dos esquistossomóticos hepatoesplênicos e qual a alteração imunológica imposta pelo procedimento nesses doentes. MÉTODO: Vinte e oito esquistossomóticos com hipertensão portal e episódio hemorrágico varicoso foram estudados prospectivamente antes, 15 e 30 dias e 3 e 6 meses após a desconexão ázigo-portal com esplenectomia. Realizou-se contagem de linfócitos T, B, células CD4+ e CD8+ através de anticorpos monoclonais e dosagem das imunoglobulinas A, M, G e frações C3 e C4 do sistema complemento por imunodifusão radial. RESULTADOS: Obteve-se diminuição importante de todas as células, aumento de IgG e níveis normais de IgM, IgA, C3 e C4 no pré-operatório. A relação CD4+/CD8+ foi normal. Seis meses após a cirurgia, houve aumento significativo do número de linfócitos T, CD4+, CD8+ e linfócitos B. A relação CD4+/CD8+ manteve-se normal, sem variação. Houve aumento significativo nos níveis de C3. IgA, IgM, IgG e C4 também aumentaram, mas sem diferença significativa. CONCLUSÃO: Os linfócitos T, suas subpopulações CD4+ e CD8+, e os linfócitos B estão diminuídos no pré-operatório. Decorridos 6 meses da desconexão ázigo-portal com esplenectomia houve aumento do número de linfócitos T, das subpopulações CD4+ e CD8+, e dos linfócitos B. Após a desconexão ázigo-portal com esplenectomia não houve alteração das dosagens de imunoglobulinas nem diminuição do sistema complemento.
BACKGROUND: Surgical treatment of hemorrhagic complication in schistosomal portal hypertension in our hospital is an esophagogastric devascularization procedure with splenectomy. Infectious risks and immunological alterations imputed to splenectomy may have significant importance. To minimize the consequences of spleen absence, the use of subtotal splenectomy and spleen auto-transplantation were stimulated. AIM: To verify the immunologic alterations imposed by this procedure in our patients. METHOD: Twenty-eight patients with schistosomal portal hypertension and previous history of upper digestive bleeding due to esophagogastric varices rupture underwent elective esophagogastric devascularization and splenectomy. They were prospectively studied before esophagogastric devascularization procedure with splenectomy, 15 and 30 days, 3 and 6 months after the procedure. T and B-lymphocytes, CD4 and CD8 subpopulations were determinated by monoclonal antibodies. Immunoglobulins A, M, G and C3, C4 components of the complement were determinated by radial immunodiffusion. RESULTS: We observed important reduction of all immune cells, increase of IgG and normal levels of IgM, IgA, C3 and C4 at preoperative. CD4/CD8 relation was normal. Six months after esophagogastric devascularization procedure with splenectomy, significant increase in T-lymphocytes, CD4, CD8 and B-lymphocytes were observed. CD4/CD8 relation remained normal. We noted significant increase in C3. IgA, IgM, IgG and C4 had increased, but without significant difference. CONCLUSION: Esophagogastric devascularization procedure with splenectomy determines an increase in T and B-lymphocytes, CD4 and CD8 subpopulations without compromising immunoglobulins and components of complement levels.