RESUMO A partir da hipótese de que a inteligência artificial como tal não representaria o fim da supremacia humana, uma vez que, na essência, a IA somente simularia e aumentaria aspectos da inteligência humana em artefatos não biológicos, o presente artigo questiona sobre o risco real a ser enfrentado. Para além do embate entre tecnofóbicos e tecnofílicos, o que se defende, então, é que as possíveis falhas de funcionamento de uma inteligência artificial - decorrentes de sobrecarga de informação, de uma programação equivocada ou de uma aleatoriedade do sistema - poderiam sinalizar os verdadeiros riscos existenciais, sobretudo quando se considera que o cérebro biológico, na esteira do viés da automação, tende a assumir de maneira acrítica aquilo que é posto por sistemas ancorados em inteligência artificial. Além disso, o argumento aqui defendido é que falhas não detectáveis pela provável limitação de controle humano quanto ao aumento de complexidade do funcionamento de sistemas de IA representam o principal risco existencial real.
ABSTRACT Based on the hypothesis that artificial intelligence would not represent the end of human supremacy, since, in essence, AI would only simulate and increase aspects of human intelligence in non-biological artifacts, this paper questions the real risk to be faced. Beyond the clash between technophobes and technophiles, what is argued, then, is that the possible malfunctions of an artificial intelligence - resulting from information overload, from a wrong programming or from a randomness of the system - could signal the real existential risks, especially when we consider that the biological brain, in the wake of the automation bias, tends to assume uncritically what is set by systems anchored in artificial intelligence. Moreover, the argument defended here is that failures undetectable by the probable limitation of human control regarding the increased complexity of the functioning of AI systems represent the main real existential risk.