RESUMO Neste texto, dedicamo-nos aos princípios orientadores das comissões de heteroidentificação na concorrência às vagas reservadas às pessoas negras nas instituições públicas de Ensino Superior. Partindo da diferenciação conceitual entre “autoidentificação” (da ordem do ser) e “autodeclaração” (da ordem do fazer), analisaremos a possibilidade de invalidação das autodeclarações raciais por aquelas comissões. Com fundamento no direito antidiscriminatório, faremos um cotejamento entre a experiência acumulada das comissões de heteroidentificação no contexto racial e os desafios que já surgem na implementação de políticas de ações afirmativas no contexto de identidade de gênero. Concluímos que o resultado das comissões de heteroidentificação não invalida as autoidentificações raciais, mas tão somente as autodeclarações, sendo uma forma de controle social da política pública de ações afirmativas no Ensino Superior.
ABSTRACT In this text, we dedicate to the guiding principles of hetero-identification commissions in competition for places reserved for black people in public Higher Education institutions. Differentiating the concepts of ‘self-identification’ and ‘self-declaration,’ based on the idea of structural racism, we analyzed the possibility of invalidating racial self-declarations by those commissions. Based on anti-discrimination law, we will compare the accumulated experience of heteroidentification commissions in the racial context and the challenges that already arise in the implementation of affirmative action policies in the context of gender identity. We conclude that the result of the hetero-identification commissions does not invalidate racial self-identifications, but only racial self-declarations, being a form of social control of the public policy of affirmative action in higher education.
RESUMEN En este texto nos dedicamos a los principios rectores de las comisiones de heteroidentificación en competencia por plazas reservadas para negros en instituciones públicas de educación superior. Diferenciando los conceptos de “autoidentificación” y “autodeclaración”, partiendo de la idea de racismo estructural, analizamos la posibilidad de invalidar las autodeclaraciones raciales de esas comisiones. Con base en la ley contra la discriminación, compararemos la experiencia acumulada de las comisiones de heteroidentificación en el contexto racial y los desafíos que ya se presentan en la implementación de políticas de acción afirmativa en el contexto de la identidad de género. Concluimos que el resultado de las comisiones de heteroidentificación no invalida las autoidentificaciones raciales, sino solo las autodeclaraciones raciales, siendo una forma de control social de la política pública de acción afirmativa en la educación superior.