RESUMO A expulsão do primeiro bispo eleito do Rio de Janeiro, em 1637, oferece ocasião para uma reflexão mais detida sobre as relações conflituosas entre os moradores da cidade e as autoridades eclesiásticas enviadas para cá. De fato, como o próprio bispo assegurou, foi seu insistente combate à escravidão indígena que causou seus dissabores. No entanto, numerosos registros históricos do episódio buscaram elidir a expulsão ou alterar significativamente seus motivos; como é o caso da monumental obra de Francisco Adolfo de Varnhagen, que vê no acontecimento um abuso do poder eclesiástico sobre as instituições civis. Esse tema criou memória que se expressa em um romance histórico publicado no século XIX. Em tempos mais recentes, o argumento abraçou os protestos da população local quanto à ação do bispo sobre temas da moral privada. Por consequência, um traço importante da cultura local - a escravidão indígena - sai do primeiro plano e mergulha no abandono e no esquecimento.
ABSTRACT The expulsion of the first bishop-elect of Rio de Janeiro in 1637 offers an opportunity to make a more detailed discussion about the conflicting relationship between the inhabitants of the city and the ecclesiastical authorities who were sent there. In fact, as the bishop said, it was his persistent fight against indigenous slavery that caused his troubles. However, numerous historical records of the episode sought to suppress the expulsion, or to significantly alter the reasons that led to it; such is the case of the monumental work by Francisco Adolfo de Varnhagen, who sees the event as an abuse of ecclesiastical power over civil institutions. This subject generated a memory that is expressed in a historical novel published in the nineteenth century. In more recent times, the argument embraced the protests of the local population regarding the actions of the bishop regarding private moral issues. Consequently, an important feature of the local culture - the slavery of the indigenous populations - leaves the foreground and plunges into neglect and oblivion.
RESUMEN La expulsión del primer obispo electo de Río de Janeiro en 1637 ofrece ocasión para una reflexión más detallada sobre las relaciones conflictivas entre los habitantes de la ciudad y las autoridades eclesiásticas allá enviadas. De hecho, como el propio obispo aseguró, fue su insistente combate a la esclavitud indígena que causó sus desabores. Sin embargo, numerosos registros históricos del episodio buscaron suprimir su expulsión, o alterar significativamente sus motivos; como es el caso de la monumental obra de Francisco Adolfo de Varnhagen, que ve en el acontecimiento un abuso de poder eclesiástico sobre las instituciones civiles. Este tema creó memoria que se expresa en un romance histórico publicado en el siglo XIX. En tiempos más recientes, el argumento abrazó las protestas de la población local en cuanto a la acción del obispo sobre temas de la moral privada. En consecuencia, un rasgo importante de la cultura local - la esclavitud indígena - sale del primer plano y queda abandonada y olvidada.