OBJETIVO: Este estudo compara os efeitos do pré-condicionamento isquêmico imediato, baseado na monitorização do potencial evocado somatossensitivo (PESS), com aqueles da drenagem do líquido cefalorraquidiano, em um modelo de oclusão da aorta torácica descendente em cães. MÉTODO: Dezoito cães foram submetidos à isquemia medular induzida pela oclusão da aorta torácica descendente por 60 minutos. O Grupo Controle foi submetido à oclusão da aorta (n=6), o Grupo Pré-Condicionamento Isquêmico (PCI), ao pré-condicionamento isquêmico (n=6) e o grupo drenagem, à drenagem do líquido cefalorraquidiano (n=6), imediatamente antes da oclusão da aorta. A condição neurológica foi acessada por um observador independente, de acordo com a escala de Tarlov. Os animais foram sacrificados e as medulas retiradas para exame histopatológico. RESULTADOS: Pressões da aorta proximal e distal à oclusão foram semelhantes nos três grupos. Sete dias após o procedimento, o índice de Tarlov foi significativamente maior em comparação ao Grupo Controle, somente no Grupo PCI (p<0,05). Foram observados valores menores no tempo de recuperação do PESS com o uso da drenagem liquórica durante a fase final de reperfusão (p<0,01). Exame histopatológico evidenciou necrose menos grave na substância cinzenta torácica e lombar, nos animais submetidos aos dois métodos de proteção medular, sendo mais pronunciada no Grupo PCI (p<0,001). CONCLUSÃO: A drenagem do líquor e o pré-condicionamento isquêmico parecem proteger a medula espinhal, durante a oclusão da aorta torácica descendente. Entretanto, o nível de proteção medular obtido parece ser mais significativo com a drenagem do líquido cefalorraquidiano.
OBJECTIVE: This study compares the effects of immediate ischemic preconditioning based on somatosensory evoked potential (SSEP) monitoring with those of cerebrospinal fluid drainage in a model of descending thoracic aorta occlusion in dogs. METHOD: Eighteen dogs were submitted to spinal cord ischemia induced by descending thoracic aortic cross-clamping for 60 minutes. The Control Group underwent only aortic cross-clamping (n=6). The Ischemic Preconditioning Group (IPC) underwent ischemic preconditioning (n=6) and the Drainage Group underwent cerebrospinal fluid drainage (n=6), immediately before aortic cross-clamping. An independent observer assessed neurological status according to the Tarlov score. The animals were sacrificed and spinal cord harvested for histopathologic study. RESULTS: Aortic pressure before and after the occluded segment was similar in the three groups. Seven days after the procedure, Tarlov scores were significantly higher only in the Drainage Group when compared to the Control Group (p<0.05). Lower SSEP recovery times were also observed with cerebrospinal fluid drainage during the final reperfusion period (p<0.01). In the histopathologic study, stain showed less significant neuronal necrosis in the thoracic and lumbar gray matter in animals submitted to both methods of spinal cord protection, with it being more pronounced in the Ischemic Preconditioning Group (p<0.001). CONCLUSION: Cerebrospinal fluid drainage and immediate ischemic preconditioning seems to protect the spinal cord during descending thoracic aorta cross-clamping. Nevertheless, the obtained level of spinal cord protection seems to be more significant with cerebrospinal fluid drainage.