OBJETIVO: Investigar a ocorrência de perda auditiva em crianças com HIV/AIDS e verificar sua associação com a carga viral, as doenças oportunistas e o tratamento antirretroviral instituído. MÉTODOS: Estudo descritivo, transversal, realizado em 23 crianças com HIV/AIDS de dois serviços especializados de João Pessoa (PB). Seus responsáveis responderam a um questionário, contendo dados sobre a situação clínica e a saúde auditiva das crianças, sendo estas submetidas a avaliação audiológica. Foram respeitadas as orientações para pesquisa em seres humanos contidas na Resolução CNE Nº 196/1996. Os achados foram analisados a partir da estatística descritiva. RESULTADOS: Observou-se que a lamivudina (3TC) foi o antirretroviral mais utilizado em 17 (94,4%) pacientes, seguido do Kaletra (KAL), administrado em 14 (77,8%) pacientes, do d4T em 11 (61,1%) e da zidovudina (AZT) em sete (38,9%). A otite foi a doença oportunista de maior frequência com 11 (61,1%) registros. No exame audiométrico, observou-se 39 (84,8%) orelhas com perda auditiva e sete (15,2%) normais. Na imitanciometria, encontrou-se cinco (10,9%) orelhas normais, caracterizadas por curvas timpanométrica tipo A. As demais 41 (89,1%), mostraram-se alteradas com predominância na curva do tipo B em 67,4% dos casos. CONCLUSÃO: Houve alterações auditivas nas crianças com HIV/AIDS analisadas neste estudo, sendo as perdas auditivas discretas as de maior ocorrência. Foi verificada associação significativa com o uso da terapia antirretroviral e com a otite. Desta forma, percebe-se a importância do monitoramento auditivo e da intervenção o mais cedo possível, favorecendo um desenvolvimento linguístico adequado e reduzindo possíveis dificuldades de aprendizagem e de inclusão social.
PURPOSE: To investigate the occurrence of hearing loss in children with HIV and its association with viral load, opportunistic diseases, and antiretroviral treatment. METHODS: A cross-sectional study was carried out with 23 HIV-positive children under care at two specialized centers in João Pessoa, Paraíba, Brazil. Their parents or legal guardians responded to a questionnaire, containing data on the clinical situation and the hearing health of the children, who were then submitted to audiological assessment. We complied with the guidelines for human research contained in the CNE (National Education Council) Resolution number 196/1996. The findings were analyzed through descriptive statistics. RESULTS: We observed that lamivudine (3TC) was the antiretroviral drug most used in 17 (94.4%) patients, followed by Kaletra (KAL), administered in 14 (77.8%) patients, d4T in 11 (61.1%) patients, and zidovudine (AZT) in 7 (38.9%) participants. Otitis was the most frequent opportunistic disease, with 11 (61.1%) cases. In the audiometric examination, we observed 39 (84.8%) ears with hearing loss and 7 (15.2%) normal ears. After the immitance testing, we found five (10.9%) normal ears, characterized by type A tympanometric curves. The other 41 (89.1%) ears were revealed as altered, with predominance of type B curves in 67.4% of the cases. CONCLUSION: There were hearing alterations in children with HIV/AIDS analyzed in this study. Discreet hearing losses were the most occurring. We verified statistically significant associations with the use of antiretroviral therapy and otitis. Therefore, we point out the importance of auditory monitoring and intervention as soon as possible, thus favoring adequate development in language and decreasing possible difficulties in learning and social inclusion.