RESUMO O propósito deste artigo é estudar a língua em viagem na tradução do desenvolvimento sustentável para empresários do Brasil e de Portugal. O World Business Concil for Sustainable (WBCSD), entidade foco deste estudo, atua no percurso de significação com a publicação de guias que visam orientar o discurso de gestão sustentável no ambiente corporativo. Na pesquisa analisou-se a disputa de poder que ocorre na definição do conceito de desenvolvimento sustentável (DS) e se propôs a metáfora think tanke como modo de traduzir a relação dos empresários com a questão socioambiental. A análise dos discursos, a luz da desconstrução de Derrida, permitiu estudar as estruturas políticas e institucionais que facilitam e dificultam a acolhida da discussão de desenvolvimento sustentável. Essas estruturas foram desenvolvidas na “história do pensamento ocidental”, seja por meio de “textos filosóficos”, ou em “formas e instituições tais como o governo, a universidade, a identidade nacional, o conceito de dom ou a ideia de enlutamento” (WOLFREYS, 2009, p. 51). Há o luto da presença, o luto da razão, o luto do sujeito e o luto de qualquer instância soberana (DERRIDA, 2013, p. 105). Verificou-se que a metáfora da Empresa Sustentável, desenvolvida neste processo de tradução, é insuficiente para acolher as diversas interpretações já que o intuito é assimilar e integrar. Na metáfora think tanke, por sua vez, reconhece-se a língua em viagem que demonstra as contradições e ambiguidades do discurso do WBCSD e acolhe as diversas traduções sobre DS. Assume-se um pensamento de alteridade que se traduz na desconstrução da relação entre hóspede (questão socioambiental) e hospedeiro (empresa). O hospedeiro torna-se refém das imprevisibilidades do hóspede (alterações climáticas, disponibilidade de água, biodiversidade etc), já que o “hospedeiro torna-se hóspede do hóspede” (DERRIDA, 2003, p. 109).
ABSTRACT The purpose of this article is to study the language in travel in the translation of sustainable development for businessmen from Brazil and Portugal. The WBCSD, the entity that is the focus of this study, acts in the route of meaning with the publication of guides that aim to guide the discourse of sustainable management in the corporate environment. The survey analyzed the power struggle that occurs in the definition of the concept of sustainable development (SD) and proposed to think tanke metaphor as a way to translate the relationship of business with social and environmental issues. The analysis of the discourses, in the light of the deconstruction of Derrida, allowed to study the political and institutional structures that facilitate and hinder the reception of the discussion of sustainable development. These structures were developed in the “history of Western thought,” either through “philosophical texts”, or “forms and institutions such as government, university, national identity, the concept of gift or the idea of grieving” (WOLFREYS, 2009, p. 51). There is the mourning of presence, the mourning of reason, the mourning of the subject and the mourning of any sovereign authority (DERRIDA, 2013, p. 105). The metaphor of the Sustainable Company, developed in this process of translation, was found to be insufficient to accommodate the different interpretations since the intention is to assimilate and integrate. The think tanke metaphor, on the other hand, recognizes the language in travel that demonstrates the contradictions and ambiguities of the WBCSD’s discourse and welcomes the diverse translations on SD. It assumes a thought of alterity that translates into the deconstruction of the relation between guest (socio-environmental question) and host (company). The host becomes hostage to the vagaries of the guest (climate change, water availability, biodiversity etc), as the “ host becomes the hostage of the guest” (Derrida, 2003, p. 109).