RESUMO: A Leishmaniose visceral (LV) é uma doença zoonótica com reservatório canino na América do Sul. Cães oriundos de área endemica brasileira, naturalmente infectados por Leishmania infantum, apresentando doença clínica severa (CS) ou doença branda ou ausente (BA) foram avaliados. Carga parasitária, histopatologia e expressão de mRNA de citocinas e iNOS foram analisados em baço e fígado, buscando determinar possíveis marcadores de susceptibilidade ou resistência à doença. Como principais resultados, tanto cães CS como BA apresentaram alta carga parsitária. IFN-γ foi a citocina mais expressiva em ambos os órgãos, sendo IL-6 e IL-4 também detectadas em baço e fígado e IL-10 em fígado. No tecido hepático foram encontradas as maiores medianas de IFN-γ e IL-10, sendo o fígado o principal órgão produtor de citocinas, com IL-10 sugerindo acompanhamento regulatório. Granulomas foram detectados em ambos os órgãos. Quando de sua ausência no baço, essa foi associada à elevação dos níveis de IL-6, salientando o papel anti-inflamatório dessa citocina. Alterações microscópicas foram principalmente caracterizadas por extensiva desorganização de polpa branca, com a resposta esplência sendo sugerida como subotimizada. Carga parasitária, dano tecidual e resposta immune variaram mesmo em cães com quadros clínicos similares, não sendo, portanto, a análise clínica um bom parâmetro para avaliação de susceptibilidade animal à LV.
ABSTRACT: Visceral leishmaniasis (VL) is a zoonotic disease with a canine urban reservoir in South America. Dogs from an endemic area within Brazil, which were naturally infected with Leishmania infantum, and those presenting severe clinical (SC), mild, or no clinical (MNC) disease, were evaluated. Parasite load, histopathology, and cytokine and iNOS mRNA expressions were assessed in the spleen and liver in order to determine the potential markers for disease susceptibility or resistance. As a result, dogs with both SC and MNC had high parasite loads; IFN-γ was the most expressive cytokine in both organs, along with IL-6 and IL-4 being detected in the spleen and liver, and IL-10 only in liver. The hepatic tissue presented higher medians for IFN-γ and IL-10, and was the main organ to produce cytokines with hepatic IL-10 suggesting a regulatory follow up. Granulomas were detected in both organs; however, when absent in spleen, they were associated with elevated IL-6 levels, thus highlighting the anti-inflammatory role of IL-6. Microscopic lesions in the spleen were predominantly characterized by an extensively disorganized white pulp and splenic response was suggested as sub optimized. Parasite load, tissue damage, and immunological response may vary in the dogs with similar clinical symptoms, which may not be a good parameter for assessing the animal’s susceptibility to VL.