A idéia - e uma determinada prática - do "diálogo" fazem parte tão consubstanciais da Educação Popular, que essa se define, antes de qualquer coisa, como uma "pedagogia dialogal", quer dizer, o 'meio' define a própria pedagogia! E fazemos isso de forma tão natural que nos esquecemos de inquirir a respeito do estatuto conceitual daquela noção. Tentamos, com esse artigo, mostrar que, se essa noção tem muitas vezes a finalidade de estabelecer ou facilitar consensos intersubjetivos, a própria noção não é consensual. E para mostrar os seus diferentes perfis semânticos, convidamos quatro conhecidos autores - Hannah Arendt, Martin Buber, Jürgen Habermas e, claro, Paulo Freire - para "apresentarem" suas concepções sobre o diálogo, e constatamos não apenas as grandes diferenças entre os autores, mas também o fato de que em todos reside uma declarada ou subterrânea intenção de salvar o homem pela "palavra", seja numa versão mística, seja numa acepção mais secular. O problema, conclui o artigo, é que a relação tão assente entre nós entre diálogo e libertação/emancipação precisa de uma reflexão mais aguda, sobretudo em função da grande variedade semântica que cerca estes conceitos, o que, às vezes, contribui para a confusão ou imprecisão de nossa linguagem pedagógica.
L´idée de dialogue est tellement consubstantielle à l´Education Populaire, au Brésil, que celle-ci se définie, avant toute autre chose, comme une "pédagogie dialogique", c´est à dire, le moyen définie la pédagogie elle-même! Et nous faisons tout cela d´une façon tellement naturelle que nous oublions d´interroger le statut conceptuel de la dite notion. Nous essayons, dans cet article, de montrer que, si cette notion tient comme finalité d´établir ou de faciliter des consensus intersubjectifs, la notion n´est pas consensuelle. Et pour montrer ses différents profils sémantiques, nous avons invité quatre auteurs bien connus - Arendt, Buber, Habermas et Freire - pour qu´ils présentent ses conceptions de dialogue, et nous allons constater, non seulement les grandes différences entre eux, mais aussi une intention de "sauver" l´homme par la "parole", soit dans une version mystique soit séculière.
The idea - and determined practice - of "dialogue" forms such a substantial part of Popular Education that this education is defined as a "dialogical pedagogy". In other words, the means defines the pedagogy! This occurs in such a natural way that we forget to inquire the conceptual basis of such a notion. In this article, we try to show that if this notion has the finality of establishing or facilitating inter-subjective consensus, then the notion itself isn’t consensual. To analyze different semantic profiles we recur to four well-known authors - Hannah Arendt, Martin Buber, Jürgen Habermas and, of course, Paulo Freire - to "present" concepts on dialogue. We found not only great differences among these authors, but also that in each resides a declared or subconscious intention of saving mankind through the "word", whether via its mystic or secular virtues. The article concludes that the commonly accepted relation between dialogue and liberation/emancipation seems to have lost its potential, inviting us to be more modest in our pedagogical intentions and more precise in our vocabulary