Resumen: en los últimos años ha habido un crecimiento exponencial de la cantidad de refugiados que recibe Brasil, quienes en su mayoría se han establecido en São Paulo, una de las principales ciudades del país. Los datos aquí presentados fueron recopilados en una investigación etnográfica más amplia sobre servicios de salud mental para inmigrantes y refugiados, realizada entre 2017 y 2019 en dicha ciudad. El estudio, cuyo objetivo fue describir sus experiencias, presenta dos conclusiones principales. La primera plantea que, para entender mejor el contexto del refugio, necesitamos promover fracturas en el sentido monolítico de la categoría, abandonar la rigidez que prescribe su definición legal y, en su lugar, considerarla como una estructura dinámica y en constante movimiento. La segunda postula que debemos renunciar también a la idea de una configuración remisiva de la categoría de refugio y prestar especial atención al hecho de que el confinamiento de los refugiados en el pasado puede ofuscar una mejor comprensión de lo que tratan de comunicar. Aquí es donde radica la originalidad de lo que se presenta: los resultados de la investigación revelan que el refugio es una categoría relacional, producida no solo por las burocracias del Estado y de los organismos internacionales, sino también por sus propios sujetos. Los refugiados en Brasil se niegan a ser limitados por las categorías burocráticas y reformulan sus límites para que poder establecer nuevas divisiones internas y externas. Estas incluyen refúgio branco y refúgio negro, que también abarcan a los demás miembros excluidos de un modo u otro por la categoría burocrática de refugio.
Abstract: Recent years have witnessed an exponential growth in the number of refugees received in Brazil, most of whom have settled in São Paulo, one of its major cities. The data presented here were collected as part of a broader ethnographic research on mental health services for immigrants and refugees conducted between 2017 and 2019 in the city of São Paulo. This study is intended to describe refugees’ experiences in the city, presenting two major conclusions: the first advocates that to better understand the context of refuge, we need to promote fractures in the category’s monolithic block; we need to abandon the rigidity prescribed by its legal definition, and instead consider it a dynamic and constantly moving structure. The second argument postulates that we should also abandon the idea of a remissive configuration of the category of refuge, paying special attention to the fact that the confinement of refugees to a temporality in the past can obfuscate our understanding of what they are attempting to communicate. Herein lies the originality of what is presented: the results of the research reveal that a refuge is a relational category, produced not only by State bureaucracies and international organizations, but also by its own subjects. Refugees in Brazil refuse to be limited by the bureaucratic categories, and they reformulate its boundaries so new internal and external divisions can be made. These include refúgio branco and refúgio negro. They also encompass other members otherwise excluded by the bureaucratic category of refuge.
Resumo: nos últimos anos, tem ocorrido um crescimento exponencial da quantidade de refugiados que o Brasil recebe, os quais, em sua maioria, têm se estabelecido em São Paulo, uma das principais cidades do país. Os dados apresentados aqui foram coletados em uma pesquisa etnográfica mais ampla sobre serviços de saúde mental para imigrantes e refugiados, realizada entre 2017 e 2019 nessa cidade. No estudo, cujo objetivo foi descrever suas experiências, são apresentadas duas conclusões principais. A primeira propõe que, para entender melhor o contexto do refúgio, precisamos promover fraturas no sentido monolítico da categoria, abandonar a rigidez que sua definição legal prescreve e, em seu lugar, considerá-la como uma estrutura dinâmica e em constante movimento. A segunda postula que devemos renunciar também a ideia de uma configuração remissiva da categoria de refúgio e prestar especial atenção ao fato de que o confinamento dos refugiados no passado pode ofuscar uma melhor compreensão do que pretendem comunicar. Aqui é onde se encontra a originalidade do que é apresentado: os resultados da pesquisa revelam que o refúgio é uma categoria relacional, produzida não somente pelas burocracias do Estado e das organizações internacionais, mas também por seus sujeitos. Os refugiados no Brasil se negam a ser limitados pelas categorias burocráticas e reformulam seus limites para poder estabelecer novas divisões internas e externas. Estas incluem refúgio branco e refúgio negro, que também abrangem os demais membros excluídos de um modo ou de outro pela categoria burocrática de refúgio.