Resumo: Este artigo analisa a patrimonializacão do Complexo Penitenciário do Carandiru e suas contradições: de um lado, o apagamento das marcas arquitetônicas; e, de outro, o reconhecimento daquilo que foi considerado vestígio de sua história como patrimônio cultural da cidade de São Paulo (SP/Brasil). Em um primeiro momento, disseca-se o processo de tombamento, aberto em 1997, e são percorridos seus desdobramentos até seu deferimento definitivo, em 2020. Na segunda parte, problematizam-se as especificidades, os limites, as potencialidades e as fissuras de um trabalho de neutralização de memórias incômodas, que determina o que pode ser dito e lembrado a respeito do Carandiru e do massacre ali ocorrido. O escopo temporal é o tempo presente, traçando inteligibilidade a uma história ainda movediça e, em muitos momentos, insubordinada às narrativas assertivas e determinantes.
Abstract: This study analyzes the Carandiru Penitentiary Complex’s patrimonialization and its contradictions: on the one hand, the architectural marks erasure and, on the other hand, the recognition of what was considered a vestige of its history as the city of São Paulo’s (SP/Brazil) cultural heritage. First we dissected the listing process, opened in 1997, and followed its unfoldings until its definitive approval in 2020. In the second part, we problematize the specificities, limits, potentialities, and fissures of an uncomfortable memories neutralization work, which determines what can be said and remembered regarding Carandiru and the massacre that occurred there. The temporal scope is the present time, tracing intelligibility to a history still unstable and, in many moments, unsubordinated to assertive and determining narratives.