RESUMO Objetivo: O objetivo do presente estudo foi avaliar o papel do estudo urodinâmico no diagnóstico da incontinência urinária, comparando-se os dados de anamnese e exame físico detalhados, somados a alguns testes clínicos de fácil aplicação. Métodos: Foi realizado estudo retrospectivo de corte transversal, por meio da revisão de prontuário de 55 pacientes com queixa de perda urinária atendidas no Serviço de Uroginecologia do Ambulatório da Saúde da Mulher do Hospital Universitário de Jundiaí, no período de outubro de 2006 a março de 2007. Essas pacientes, durante sua consulta, responderam a um questionário específico, que contempla as variáveis epidemiológicas e de exame físico consideradas no estudo, tendo sido submetidas a exame físico e ao estudo urodinâmico. Resultados: A queixa de perda de urina aos esforços, isolada ou associada a urge-incontinência, foi confirmada pelo estudo urodinâmico na grande maioria das mulheres, sendo que o exame mostrou-se negativo em apenas 4 de 49 mulheres com queixa. O sinal clínico estava presente em 35 pacientes (63,6%), sendo que 46 (83,6%) apresentavam o componente de esforço no estudo urodinâmico. Entre as 15 com o sinal ausente (30%), o componente de esforço foi observado em 10 (18%). Os valores preditivos positivo e negativo do sinal clínico para o diagnóstico de algum tipo de incontinência urinária nesse grupo estudado foram de 97,1 e 26,7%, respectivamente. Em relação à queixa clínica de perda de urina aos esforços, os valores preditivos positivo e negativo para algum tipo de incontinência urinária foram de 92 e 40%, respectivamente. Quanto á queixa clínica de urge-incontinência, observaram-se valores preditivos positivo e negativo de 92,5 e 23,1%, respectivamente. Conclusões: Concluiu-se que a avaliação urodinâmica representa importante instrumento para avaliar o grau da incontinência, porém não se mostrou necessária para o diagnóstico da perda urinária. O achado de perda durante o exame físico tem baixa sensibilidade e especificidade no diagnóstico do tipo de perda urinária. A urodinâmica teve melhor desempenho em demonstrar a incontinência urinária em pacientes com queixa de incontinência urinária aos esforços, porém sem perda de urina visualizada no exame físico, em relação á confirmaçào da urge-incontinência em pacientes com tais sintomas.
ABSTRACT Objective: The aim of this study was to evaluate the role of urodynamic test in diagnosis of urinary incontinence, comparing detailed data of history and physical examination, and some easy- to-apply clinical tests. Methods: A cross-sectional retrospective study was carried out by reviewing the medical charts of 55 patients with complaint of loss of urine, seen at the Urogynecology Service of Women's Health Outpatient Clinic of Hospital Universitário de Jundiaí, between October 2006 and March 2007. The patients answered a specific questionnaire involving the epidemiological and physical examination variables considered in this study. They were submitted to physical examination and urodynamic tests. Results: The complaint of loss of urine upon exertion, either isolated or associated with urge incontinence, was confirmed by urodynamic tests in most women, and only 4 of 49 symptomatic women had negative results. The clinical sign was present in 35 patients (63.6%), and 46 patients (83.6%) had the exertion component in the urodynamic test. The exertion component was observed in 10 (18%) out of 15 patients without symptoms (30%). The positive and negative predictive values of the clinical sign for diagnosis of any type of urinary incontinence in this studied group were 97.1 and 26.7%, respectively. As for the clinical complaint of urinary loss upon exertion, the positive and negative predictive values for any type of urinary incontinence were 92 and 40%, respectively. For the clinical complaint of urge incontinence, the positive and negative predictive values of 92.5 and 23.1%, respectively. Conclusions: It was concluded that the urodynamic evaluation is an important instrument to evaluate the severity of incontinence, although it was not necessary to diagnose loss of urine. The finding of urinary loss during physical examination had low sensitivity and specificity in diagnosis of the type of loss of urine. Urodynamic tests had better performance in demonstrating urinary incontinence in patients with complaint of incontinence upon exertion and without loss of urine seen upon physical examination than in confirming urge incontinence in patients with those symptoms.