A Síndrome de ardência bucal (SAB) é uma doença complexa, de etiologia desconhecida. Caracteriza-se por uma sensação de queimação na mucosa bucal, não obstante seu aspecto clínico normal, sendo bastante freqüente em mulheres após a menopausa. O propósito deste estudo foi o de investigar a SAB em bases clínicas e, em adição, analisar sua possível relação com a freqüência de espécies do gênero Candida isoladas da cavidade bucal desses indivíduos. Foram estudados trinta e um pacientes, 28 mulheres e 3 homens, 13 caucasianos e 18 não caucasianos, média de idade 61,3 (faixa dos 30 - 85 anos). A maioria deles (80,6%) estava sob medicação por longo período. Anti-hipertensivos, ansioliticos e antidepressivos foram as drogas mais utilizadas. A ardência bucal estava associada a outras queixas secundárias em 83,8% dos pacientes. A língua foi o sítio mais afetado (70,9%), seguida pelo vermelhão do lábio inferior (38,7%) e palato duro (32,2%). A associação de sensação de ardência com câncer bucal (cancerofobia) foi referida por 67,7% dos pacientes. Exames hematológicos (hematócrito, hemoglobina e glicemia em jejum) revelaram dois casos cada, de anemia e diabetes tipo 2. Fatores locais, exodontias, e uso de próteses estavam associados com o conjunto de sintomas em 35,5% dos casos. Foram referidas alterações importantes nas atividades cotidianas, em conseqüência da SAB, em 29% dos pacientes. Leveduras do gênero Candida foram isoladas da cavidade bucal de 45,16% dos indivíduos com SAB e igualmente do grupo-controle, não constituindo dado qualitativamente importante. Dentre as espécies do Gênero Candida, C. albicans foi a mais freqüente (9 - 29,03% e 12 - 38,70%), seguida de C. parapsilosis (2 - 6,45% e 0 - 0%), C. tropicalis (1 - 3,22% e 2 - 6,45%), C. krusei e C. kefyr (1 - 3,22% e 0 - 0%). Em conclusão, nossos resultados mostraram a importância de uma possível relação da SAB com o uso crônico de medicamentos, depressão, menopausa e cancerofobia. Não foi observada associação entre SAB e prevalência de leveduras do gênero Candida.
Burning mouth syndrome (BMS) is a complex disease of unknown cause. It is characterized by a burning sensation in the oral mucosa, notwithstanding its clinical normal aspect. BMS is particularly seen in postmenopausal women. The purpose of this study was to investigate this syndrome on a clinical basis and, in addition, to analyze its possible relation to the frequency of Candida species. Thirty-one patients (28 women and 3 men; 13 Caucasians and 18 non-Caucasians; mean age = 61.3, range 30-85 years) were evaluated. Most patients (80.6%) were under long-term medication, antihypertensive, ansiolitic and antidepressant drugs being the most used. Burning mouth complaint was associated with other secondary oral complaints in 83.8% of the cases. Tongue was the most commonly affected site (70.9%), followed by the vermillion border of the lower lip (38.7%) and hard palate (32.2%). The association of the burning sensation with oral cancer (cancer phobia) was reported by 67.7% of the patients. Haematologic examination (hematocrit, haemoglobin and fasting blood glucose level) revealed 2 cases each of anemia and type 2 diabetes. Local factors, tooth extractions and dentures wearing, were associated with the onset of symptoms in 35.5% of the cases. Daily activities were changed as a consequence of BMS in 29% of the patients. Among the species of the genus Candida, C. albicans was the most frequent in BMS patients (9 - 29.03%) and controls (12 - 38.70%), followed respectively by C. parapsilosis (2 - 6.45% and 0 - 0%); C. tropicalis (1 - 3.22% and 2 - 6.45%); C. krusei and C. kefyr (1 - 3.22% and 0 - 0%). Therefore, such difference did not reach valuable results. In conclusion, these data were similar to those reported in other studies. The highlights of the present findings were the possible relation of BMS with chronic drug use, depression, menopause and cancer phobia. No association was found between BMS and the prevalence of Candida species.