Resumo As criações etnográficas têm a sua origem na indeterminação dos nossos interlocutores e na plasticidade dos seus modos de vida e mundos locais. Este ensaio enfatiza a dimensão inacabada das pessoas no contexto de um Brasil quebra-cabeça, marcando futuros num presente violento e incerto e transformando-se através de relações, coisas, reivindicações, cuidado e busca de alternativas. A noção de devir, que organiza o escrito, enfatiza o poder plástico das pessoas e a problemática intrincada de como viver ao lado, através, e apesar dos efeitos profundamente constrangedores das forças estruturais e materiais, que são elas próprias plásticas. Os sujeitos etnográficos são experimentadores da vida e, por isso mesmo, elementos surpresa - imprevisíveis e capazes de mudar as ecologias do saber. Permanecer aberto à complexidade dos entrelaçamentos entre biologia, meio ambiente, vida social e forças materiais de todos os tipos, e reconhecer - abraçar mesmo - o desconhecido podem nos inspirar a produzir uma ciência social mais humilde e experimental, mantendo nossa teoria mais multifacetada e sensível, nossos modos de expressão menos caricatos e, ao mesmo tempo, adaptáveis a fugas, rupturas e outros caminhos.
Abstract Ethnographic creations originate from the indeterminacy of our interlocutors and the plasticity of their ways of life and local worlds. This essay emphasizes the unfinished dimension of people in a puzzling Brazil, marking futures in a violent and uncertain present and transforming themselves through relationships, things, claims, care and imagination. The notion of becoming, which organizes this writing, emphasizes the plastic power of people and the intricate problematics of how to live alongside, through and despite the profoundly constraining effects of structural and material forces, which are themselves plastic. Ethnographic subjects are life experimenters and, therefore, elements of surprise - unpredictable and capable of changing the ecologies of knowledge. Remaining open to the complexity of the intertwining of biology, environment, social life and material forces of all kinds, and recognizing - even embracing - the unknown can inspire us to produce a more humble and experimental social science, keeping our theory more multifaceted and sensitive, our modes of expression less caricatured and, at the same time, open to escapes, ruptures and other paths.
Resumen Las creaciones etnográficas se originan en la indeterminación de nuestros interlocutores, en la plasticidad de sus formas de vida y de sus mundos locales. Este ensayo subraya la dimensión inacabada de las personas en el contexto de un Brasil “rompecabezas”, apuntando futuros en un presente violento e incierto, que se transforma a través de relaciones, de cosas, de reivindicaciones, cuidados e imaginaciones. La noción del devenir, la cual organiza el artículo, enfatiza las capacidades plásticas de las personas y la cuestión intrincada de cómo vivir al lado, a través y a pesar de los efectos de las fuerzas estructurales y materiales que son, ellas propias, también plásticas. Los sujetos etnográficos experimentan la vida y, por lo tanto, los elementos de sorpresa, imprevisibles y capaces de cambiar las ecologías del conocimiento. Permanecer abierto a la complejidad de los entrelazamientos entre biología, medio ambiente, vida social y fuerzas materiales de todo tipo, y reconocer (más que eso: abrazar) lo desconocido, puede inspirar una ciencia social más humilde y experimental, cultivando teorías multifacéticas y sensibles, modos de expresión menos caricaturales y, al mismo tiempo, más adecuados a las fugas, a las rupturas y a los caminos inesperados.