JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A Hemicrania Contínua (HC) é uma cefaleia primária, incapacitante, caracterizada por dor contínua, unilateral e responsiva à indometacina. Existem sintomas comuns às cefaleias trigêmino-autonômicas e à migrânea, que dificultam o diagnóstico. A presente revisão busca descrever a HC em uma série de casos e analisar as melhores evidências disponíveis sobre alternativas terapêuticas. MÉTODOS: Revisão sistemática dos prontuários e dos diários de dor de 1.600 pacientes, atendidos entre janeiro de 1992 e janeiro de 2011 em um ambulatório de cefaleia. RESULTADOS: Dez pacientes com possível diagnóstico de Hemicrania Contínua foram selecionados; sete receberam diagnóstico de HC segundo a II Classificação Internacional das Cefaleias. Nenhum paciente havia recebido o diagnóstico correto antes de ser atendido no ambulatório e o tempo médio para o mesmo foi de 12 anos. A amitriptilina foi eficaz no tratamento profilático de 66,6% dos casos, a gabapentina em 20% e o topiramato em 10%. CONCLUSÕES: A HC deve ser considerada entre as hipóteses diagnósticas de pacientes com cefaleia contínua, sem alterações ao exame neurológico e exames subsidiários, independentemente da idade do surgimento. O tratamento usual, 100 mg a 150 mg diários de indometacina, possui riscos relevantes associados ao uso a curto e longo prazos e pode não ser boa escolha para uso contínuo. Estudos recentes apontam possíveis alternativas: gabapentina, topiramato, inibidores da ciclooxigenase-2, piroxican betaciclodextrina, amitriptilina e melatonina. Outras drogas foram descritas como eficazes em relatos isolados, mas a maioria foi considerada ineficaz em outros casos de HC.
BACKGROUND AND OBJECTIVES: Hemicrania Continua (HC) is a primary, disabling headache characterized by a continuous unilateral pain and responsive to indomethacin. There are symptoms common to the trigeminal-autonomic cephalalgias and migraine that complicate the diagnosis. This review aims to describe HC in a case series and review the best available evidence on alternative therapies. METHOD: A systematic review of medical records and diaries of pain of 1,600 patients treated between January 1992 and January 2011 in a headache outpatient clinic. RESULTS: Ten patients with a possible diagnosis of hemicrania continua were selected; seven were diagnosed with HC according to the II International Classification of Headache Disorders. None of the patients had received the correct diagnosis before being treated at the outpatient clinic and the average time for treatment was 12 years. Prophylactic treatment was effective in 66.6% of cases with amitriptyline, 20% with gabapentin and 10% with topiramate. CONCLUSIONS: HC should be considered among the diagnostic hypotheses of patients with continuous headache, with no change in neurological examination and additional tests, regardless the age of onset. The standard treatment with indomethacin (100-150 mg.day-1) has significant risks associated with both short and long term use and may not be a good choice for continuous use. Recent studies point out possible alternatives: gabapentin, topiramate, cyclooxygenase-2 inhibitors, piroxicam, beta-cyclodextrin, amitriptyline, melatonin. Other drugs were described in different reports as efficient, but most of them were considered inefficient in other HC cases.
JUSTIFICATIVA Y OBJETIVOS: La Hemicránea Continua (HC) es una cefalea primaria, invalidante, caracterizada por un dolor continuo, unilateral y que responde a la indometacina. Existen síntomas comunes a las cefaleas trigémino-autonómicas y a la migraña, que dificultan el diagnóstico. La presente revisión pretende describir la HC en una serie de casos, y analizar las mejores evidencias disponibles sobre las alternativas terapéuticas. MÉTODO: Revisión sistemática de las historias clínicas y de los reportes diarios de dolor de 1.600 pacientes, atendidos entre enero de 1992 y enero de 2011, en un ambulatorio de cefalea. RESULTADOS: Diez pacientes con un posible diagnóstico de Hemicránea Continua fueron seleccionados; siete recibieron diagnóstico de HC según la II Clasificación Internacional de las Cefaleas. Ningún paciente había recibido el diagnóstico correcto antes de ser atendido en el ambulatorio y el tiempo promedio para el mismo fue de 12 años. La amitriptilina fue eficaz en el tratamiento profiláctico de 66,6% de los casos, la gabapentina en 20% y el topiramato en un 10%. CONCLUSIONES: La HC debe ser considerada entre las hipótesis diagnósticas de pacientes con cefalea continua, sin alteraciones al examen neurológico y exámenes posteriores, independientemente de la edad de su surgimiento. El tratamiento usual, 100 mg a 150 mg diarios de indometacina, conlleva a riesgos relevantes asociados con el uso a corto y largo plazo, y puede que no sea una buena elección para el uso continuo. Estudios recientes indican como posibles alternativas: gabapentina, topiramato, inhibidores de la ciclooxigenasa-2, piroxican betaciclodextrina, amitriptilina y melatonina. Otros fármacos fueron descritos como eficaces en relatos aislados, pero la mayoría fue considerada ineficaz en otros casos de HC.