Resumo O artigo analisa as potencialidades políticas e teóricas da linguagem cinematográfica com enfoque nos modos como expressa e recria a relação entre sexualidade e diferenças de gênero. Na qualidade de produtos culturais, os três filmes analisados – A Casa Assassinada (1972), Sunday, Bloody Sunday (1971) e Les Amitiés Particulières (1964) – aludem à questões feministas da época, bem como instigam uma leitura para além das narrativas, pois imprimem uma perspectiva histórica à visualidade do corpo feminino, à heteronormatividade, aos amores imprecisos, indecisos e, por vezes, proibidos. O argumento do texto, a partir de uma perspectiva queer, é de que a ousadia estética que forjou o cinema de torções, dentro dos limites de cada estilo e época, foi justamente a de não fazer concessões políticas ao tratar de temas que desafiavam os cânones morais da sociedade vigente.
Abstract: The article analyzes the political and theoretical potentialof cinematographic language to express and rebuild the relationship between sexual and gender differences. As cultural products, the three films analyzed - A Casa Assassinada (1972), Sunday, bloody Sunday (1971) and Les Amities Particulières (1964) - allude to feminist issues of the time, as well as instigating a reading of gender beyond the narratives, by historicizing the visibility of the female body, heteronormativity, and the subversiveness of forbidden loves as represented through the films’ structure. The text argues, from a queer perspective, that the aesthetic nature of twist cinema, within the limits of each style and period, was precisely the boldness to run risks in its visual grammar, not making political concessions in challenging the moral canons of current society.