Resumo O consumo do caranguejo-uçá é cultural no Brasil, mas a sobre-exploração compromete populações da espécie. O “defeso” visa proteger sua reprodução, proibindo captura e venda, mas só será efetivo se respeitado. A percepção sobre o defeso com 135 consumidores/vendedores de uçá em Recife - PE foi analisada. Há contradições entre a preocupação com a espécie e as práticas de consumo. Embora 50% dos vendedores apontem queda na oferta e 88% se declarem preocupados com seu desaparecimento, 50% desconhecem o tamanho mínimo para venda, 75% vendem-no o ano todo, e 50% desconhecem o defeso. Entre consumidores, 76% declaram preocupação com seu desaparecimento, 90% não se interessam pela origem e 53% desconhecem o defeso. Quem afirma conhecê-lo o define corretamente, mas 84% erram a época, e 61% consomem uçá mesmo no defeso. Embora mais de 95% do público queira saber mais, a informação sobre o defeso não chega ao público-chave, enfraquecendo esta ferramenta.
Abstract Uçá-crab consumption is a cultural trait in Brazil, but overexploitation threats the species. The defeso is a moratorium aimed to protect the uçá - prohibiting capture/sell - but such strategy requires public support. The perception about the defeso among consumers/vendors in Recife - PE was analyzed indicating contradictions between declared concern and practices. Although 50% of vendors identified a decrease in supply and 88% declared concern, 50% did not know the crab´s minimum size for sell, 75% did not respect the defeso, and 50% had never heard about it. 76% of consumers declared concern, but 90% were not interested on crab´s origin and 53% did not know about defeso. People who claim to know the defeso defined it correctly, but 84% missed correct dates; 61% consumed crabs even during the defeso. Although > 95% of the public would like to know more about the defeso, such information is not reaching that public, weakening the strategy.
Resumen El consumo del cangrejo es cultural en Brasil, pero la sobreexplotación amenaza las poblaciones. El “defeso” intenta proteger su reproducción, prohibiendo captura y venta, pero funcionará sólo si es respetado. Analizamos la percepción sobre el ‘’defeso’’ en 135 vendedores/consumidores del cangrejo en Recife-PE. Aunque 50% de los vendedores señalan una disminución en la oferta y 88% se declaran preocupados por su desaparición, el 50% desconoce el tamaño mínimo para la venta, 75% lo venden durante todo el año, y 50% desconocen esta medida. Entre los consumidores, 76% muestra preocupación con su desaparición, 90% no les importa su origen y 53% desconocen el ‘’defeso’’. Quién afirma conocerlo, lo define correctamente, pero el 84% se equivoca en los periodos y 61% lo consumen durante el “defeso”. A pesar de que más del 95% del público quiere saber más información acerca del defeso, la información no es divulgada, debilitando esta herramienta de conservación.