Este ensaio chama a atenção para a grave doença que atingiu a Universidade nos nossos dias. O recurso à metáfora do 'sarcófago' e do 'Leito de Procrustes' visa: acentuar o facto de que a Universidade está a abandonar a sua missão tradicional e a sofrer transformações perigosas; expressar a esperança de que ela se liberte das forças que a constrangem e consiga ressuscitar numa forma nova. Com efeito, a Universidade está sendo capturada pela ideologia, pelo pensamento, pela terminologia e pelos interesses do neoliberalismo e do mercado. Consequentemente, ela perde autonomia e voz e deixa de ter identidade, linguagem e pensamento próprios. Em vez de ser uma instituição ao serviço da Humanidade, da sociedade, da cultura, da democracia e da liberdade, a Universidade torna-se um fator e instrumento de propagação das doutrinas e receitas dos potentados financeiros e 'mercadológicos'. Tudo isto é bem visível no 'reformismo' e nas orientações da sua reorganização e governação, na oferta e no perfil dos seus cursos. Tal como o mercado, a Universidade já não oferece nada; só vende. Assim, a Universidade é cúmplice e corresponsável pela crise civilizacional, cultural, ética, moral e social que grassa no mundo. Em conclusão, a Universidade está a tornar-se uma instituição humana e socialmente irrelevante, sem capacidade de irradiar influências exemplares e positivas. Para reverter a situação, os protagonistas da Universidade têm que a tirar do 'sarcófago' ou do 'Leito de Procrustes', no qual, por ação ou omissão, a deixaram aprisionar.
This essay calls our attention to the serious disease that has affected University nowadays. The 'sarcophagus' metaphor as well as the 'Bed of Procrustes' fulfils the purpose of: emphasize the fact that University is forsaking its traditional mission and suffering dangerous transformations; hope for University sets free from all its constrained forces, by allowing a new rebirth. University is being captured by ideology, by reason, by terminology and by neoliberalism and market interests. Consequently, it is losing autonomy and voice and has no longer identity, language and own thinking. Instead of being an institution that works for Humanity, society, culture, democracy and liberty, University is becoming a factor and an instrument for spreading the financial and 'mercantile' rulers' doctrines and revenues. As a piece of evidence this can be seen through the 'reformism' and guidelines on University's reorganization and management, on offers and courses profile. As markets, University no longer offers only sells. Thus, University joins and shares responsibility upon the civilizational, cultural, ethical, moral and social crisis that is spreading throughout the world. University is becoming a human and social irrelevant institution, without the capacity to transmit archetypal and positive influences. In order to reverse the situation, the University's main leading characters must take it off from the 'sarcophagus' or from the 'Bed of Procrustes', where, by action or omission, have held it captive.