OBJETIVO: Estimar a prevalência da desnutrição infantil para os municípios brasileiros. MÉTODOS: Utilizou-se modelo de regressão logística multinível para estimar a probabilidade individual de desnutrição em 5.507 municípios brasileiros em 2006, em função de fatores preditivos agrupados segundo níveis hierárquicos. A variável resposta foi a desnutrição infantil (crianças de seis a 59 meses com estatura para idade e sexo inferior a -2 escores Z, segundo o padrão da Organização Mundial da Saúde). As variáveis preditivas foram determinantes da desnutrição aferidos de forma semelhante pela Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde-2006 e pela Amostra do Censo de 2000. No nível 1 (individual): sexo e idade; no nível 2 (domiciliar): variáveis socioeconômicas, água com canalização interna, área urbana ou rural; e no nível 3 (municipal): localização do município e cobertura da Estratégia Saúde da Família em 2006. RESULTADOS: Detectou-se elevação estatisticamente significativa da chance de desnutrição nas crianças do sexo masculino, que moravam em domicílios com duas ou mais pessoas por cômodo, pertencentes aos quintos inferiores do escore socioeconômico, com três ou mais crianças < 5 anos, que não dispunham de água encanada ou localizados na Região Norte. Verificou-se associação dose-resposta negativa entre a cobertura da Estratégia Saúde da Família e a chance de desnutrição (p = 0,007). Cobertura municipal da Estratégia Saúde da Família > 70% mostrou redução de 45% na chance de desnutrição infantil. Estimativas da prevalência de desnutrição infantil mostraram que a maioria dos municípios estudados apresentou risco de desnutrição sob controle, muito baixo ou baixo. Riscos de maior magnitude foram encontrados em 158 dos municípios, na Região Norte. CONCLUSÕES: A desnutrição infantil como problema de saúde pública concentra-se nos municípios da Região Norte do País, onde a cobertura da Estratégia Saúde da Família é mais baixa. Detectou-se efeito de proteção da Estratégia Saúde da Família em relação à desnutrição infantil no País como um todo, independentemente de outros determinantes do problema.
OBJECTIVE: To estimate the prevalence of malnutrition in children for all Brazilian municipalities. METHODS: A multilevel logistic regression model was used to estimate the individual probability of malnutrition in 5,507 Brazilian municipalities in 2006, in terms of predictive factors grouped according to hierarchical levels. The response variable was child malnutrition (children aged from six to 59 months with height for age and sex below -2 z-scores, according to the World Health Organization standard). The predictive variables were determinants of malnutrition measured similarly by the National Demographics and Health Survey-2006 and the Sample from the 2000 Demographic Census. At level 1 (individual): sex and age, level 2 (household): socioeconomic variables, water and indoor plumbing, urban or rural area and level 3 (municipal): location of the municipality and coverage of the Family Health Strategy (FHS) in 2006. RESULTS: The study detected a statistically significant chance of malnutrition in male children, those living in households with two or more individuals per room, those belonging to the lowest quintiles of the socioeconomic score, those with three or more children under five in the household, those with no access to running water or located in the North. There was a negative dose-response association between FHS coverage and the chance of malnutrition (p = 0.007). FHS coverage in the municipality equal to or greater than 70% showed a 45% reduction in the chance of infant malnutrition. Estimates of the prevalence of child malnutrition show that most of the cities have the risk of malnutrition under control, very low or low. Risks of greater magnitude exist only in 158 municipalities in the North Region. CONCLUSIONS: Childhood malnutrition as a public health problem is concentrated in the cities of the North region, where FHS coverage is lower. A protective effect of FHS in relation to child malnutrition was found in the country as a whole, irrespective of other determinants of the problem.
OBJETIVO: Estimar la prevalencia de la desnutrición infantil para los municipios brasileños MÉTODOS: Se utilizó modelo de regresión logística multinivel para estimar la probabilidad individual de desnutrición en 5.507 municipios brasileños en 2006, en función de factores predictivos agrupados según niveles jerárquicos. La variable respuesta fue la desnutrición infantil (niños de seis a 59 meses con estatura para edad y sexo inferior a -2 escores z, según el patrón de la Organización Mundial de la Salud). Las variables predictivas fueron determinantes de la desnutrición estimados de forma semejante por la Investigación Nacional sobre Demografía y Salud-2006 y por la muestra de censo de 2000. En el nivel 1 (individual): sexo y edad, en el nivel 2 (domiciliar): variables socioeconómicas, agua con tubería interna, área urbana o rural y en el nivel 3 (municipal): localización del municipio y cobertura de la Estrategia Salud de la Familia en 2006. RESULTADOS: Se detectó elevación estadísticamente significativa de la probabilidad de desnutrición en los niños del sexo masculino, que vivían en domicilios con dos o más personas por cuarto, pertenecientes a la quinta parte inferior del escore socioeconómica, con tres o más niños ˂ 5 años, que no disponían de agua en tuberías o localizados en Región Norte. Se verificó asociación dosis-respuesta negativa entre la cobertura de la Estrategia Salud de la Familia y la probabilidad de desnutrición (p=0,007). Cobertura municipal de Estrategia Salud de la Familia > 70% mostró reducción de 45% en la probabilidad de desnutrición infantil. Estimativas de prevalencia de desnutrición infantil mostraron que la mayoría de los municipios estudiados presentó riesgo de desnutrición bajo control, muy bajo o bajo. Riesgos de mayor magnitud fueron encontrados en 158 de los municipios, en la Región Norte. CONCLUSIONES: La desnutrición infantil como problema de salud pública se concentra en los municipios de la Región Norte del País, donde la cobertura de la Estrategia Salud de la Familia es más baja. Se detectó efecto de protección de la Estrategia Salud de la Familia con relación a la desnutrición infantil en el País como un todo, independientemente de otros determinantes del problema.