Este artigo discute etnograficamente como estilos de patrulhamento policial interferem na situação de interpelação e resposta que envolve a interação entre policiais e moradores em espaços urbanos. Analisa como a condição de morador é mobilizada por policiais militares de uma área do Programa de Policiamento Ronda do Quarteirão, na cidade de Juazeiro do Norte, no sul do Ceará. Essa experiência de policiamento comunitário, nomeada como sendo “a polícia da boa vizinhança”, agrega, também, elementos de policiamento ostensivo convencional e nela os moradores são moralmente classificados pelos policiais em diversos rótulos, como revela o uso da oposição entre os termos “vagabundo” e “cidadão de bem”. Essas maneiras policiais de falar sobre moradores compõem agenciamentos de poder que atribuem formas de subjetividade aos moradores. O significado da “aplicação da lei” torna-se polissêmico, na medida em que os moradores são afetados por esses rótulos, sendo validados, revalidados, selecionados ou ignorados em cada situação.
This article discusses ethnographically how police patrol styles interfere in interpellation situations and responses that involve the interaction between police and residents in urban areas. It analyzes how the resident’s condition is mobilized by military police from an area covered by the Round the Block Policing Program, in the city of Juazeiro do Norte, south of the state of Ceará. This experience of community policing, called “the good neighborhood police,” also employs conventional elements of ostensible police work and the residents of this community are morally classified by the police in various labels, represented by the opposition between “bum” and” good citizen.” These police ways of talking about residents are intermediations of power that attribute subjective forms to residents. The meaning of “law enforcement” becomes polysemic, in that residents are affected by these labels, and are validated, revalidated, selected or ignored in every situation.
Cet article montre, dans une conception ethno-graphique, combien les manières d’intervenir des patrouilles de police interfèrent lors des interpellations et des réponses qui ont lieu dans l’interaction entre la police et les habitants au sein de l’espace urbain. On y analyse comment les personnes, en tant qu’habitants, sont mobilisées par les forces de police militaire dans le cadre du Programme de Rondes de Police de Quartier dans la ville de Juazeiro do Nord située dans le sud de l’Etat du Céara. Cette expérience de police communautaire, appelée aussi “police de quartier ou de bon voisinage” ajoute également des éléments ostensibles de maintien de l’ordre conventionnel où les habitants sont moralement classés par les policiers sous diverses étiquettes comme le montre l’utilisation de termes qui s’opposent, tels que “vaurien” et “homme de bien”. Ces manières de parler des habitants constituent des assemblages de pouvoir qui attribuent une subjectivité aux habitants. Le sens de “faire valoir la loi” devient polysémique dans la mesure où les habitants sont marqués par ces étiquettes qui peuvent être approuvées, ré-approuvées, sélectionnées ou ignorées dans chacun des cas.