RESUMO: Este estudo avaliou os efeitos de um protocolo fisioterápico, aplicado em articulações com osteocondrite dissecante, submetidas à artroscopia. Foram utilizados 12 cavalos, totalizando 20 articulações, divididas em dois grupos homogêneos de acordo com a graduação da lesão articular. O grupo tratado (GT) recebeu o protocolo fisioterápico (crioterapia, movimentação passiva e exercício controlado) que se iniciou imediatamente após a recuperação anestésica e se estendeu por cinco dias. O grupo controle (GC) permaneceu em repouso na baia, pelo mesmo período. Exame físico da articulação e análise do líquido sinovial foram utilizados para avaliar o tratamento. O exame do líquido sinovial consistiu em análise física (cor, aspecto e viscosidade), avaliação do coágulo de mucina e concentrações de amiloide sérica A, prostaglandina E2 e ureia. Amostras de líquido sinovial foram colhidas por artrocentese no início do procedimento cirúrgico (D1) e após 48 (D3) e 96 horas (D5) do procedimento cirúrgico. Antes da artroscopia e diariamente no período pós-operatório, as articulações foram avaliadas por exame físico: temperatura superficial (°C), ângulo de flexão (graus), circunferência (centímetros). A avaliação física das articulações não apresentou diferença significativa entre os grupos nem ao longo dos dias em cada grupo. Nas análises do líquido sinovial, observou-se uma variação diferente entre os momentos em cada grupo porém sem diferença significativa entre os grupos. A cor e o aspecto tiveram resultados semelhantes ao longo do tempo, no GC houve uma alteração significativa quando comparados D1 e D3 (cor e aspecto: p<0,001) e D1 e D5 (cor: p<0,001; aspecto: p<0,05) tornando-se sanguinolento e turvo na maioria das amostras em D3 e D5. Já no GT, houve diferença significativa apenas entre D1 e D3 (cor e aspecto: p<0,05), demonstrando melhora no líquido sinovial em D5 (cor e aspecto: p>0,05). A viscosidade e o coágulo de mucina apresentou alteração significativa no GC entre D1 e D3 (viscosidade: p<0,01; coágulo de mucina: p<0,05) e entre D1 e D5 (viscosidade e coágulo de mucina: P<0,01). No grupo tratado não foram observadas alterações significativas em viscosidade e coágulo de mucina, ao longo dos momentos, demonstrando uma melhora precoce na qualidade do líquido sinovial. A amiloide sérica A apresentou um aumento extremamente significante no GC (p<0,001) quando comparados D1 (1217,13±664,47μg/dL) e D3 (42423,80±52309,31μg/dL). Quando comparados D1 e D5 no GC e ao longo do tempo no GT não foram observadas diferenças significativas. A concentração de PGE2 permaneceu sem alterações. As mensurações de ureia apresentaram aumento significativo em D3 quando comparado a D1 (p<0,001) no GC e não apresentou variação no GT. O protocolo fisioterápico minimizou os mediadores inflamatórios e proporcionou menor alteração do líquido sinovial após artroscopia.
ABSTRACT: This study evaluated the effects of a physiotherapy protocol applied in joints with osteochondritis dissecans submitted to arthroscopy. Twelve horses totaling twenty joints were used and divided into two uniform groups, according to articular lesion grade. Treated Group (TG) received the physiotherapy protocol (cryotherapy, passive rage motion and controlled exercise) that initiate just after anesthetic recovery and extended for five days. Control Group (CG) remained resting in stall during the same period. Physical examination and synovial fluid analysis were used to evaluate the treatment. The synovial fluid examination consisted of physical analysis (color, aspect, and viscosity), mucin clot evaluation, Serum Amyloid A, Prostaglandin E2 and urea concentration. Synovial samples were collected by arthrocentesis at the beginning of the surgical procedure (D1), 48 hours (D3) and 96 hours (D5) after surgery. Before arthroscopy and daily during the postoperative period joints were evaluated by physical exam: superficial temperature (°C), range of motion (degrees) and circumference (centimeters). The joint physical examination showed no significant difference between groups and neither along the days for the same group. The parameters of synovial fluid showed difference over the moments in each group but didn’t have difference between groups. Color and aspect had the same patterns across moments, in CG fluid had significant change when compared D1 with D3 (color and aspect: p<0.001) and D5 (color: p<0.001; aspect: p<0.05) becoming mostly bloody and cloudy in D3 and D5. However in TG the difference was significant just between D1 and D3 (color and aspect: p<0.05), showing an improvement of synovial fluid in D5 (color and aspect: p>0.05). Viscosity and mucin clot evaluation showed significant change in CG between D1 and D3 (viscosity: p<0.01; mucin clot: p<0.05) and between D1 and D5 (viscosity: p<0.01;mucin clot: p<0.01). In TG no significant difference of viscosity and mucin clot was observed over the moments, showing an early improvement of synovial fluid quality. The Serum Amyloid A concentration showed an extremely significant increase in CG (p<0.001) when compared D1 (1217.13±664.47μg/mL) and D3 (42423.80±52309.31μg/mL). The comparison between D1 and D5 in CG, and across moments in TG, had no statistical difference. The PGE2 eicosanoid remained statistically unchanged all over the time. Urea showed significant increase in D3 when compared to D1 (p<0.001) in CG, and had no variation in TG. The physiotherapy protocol minimized the inflammatory mediators and provided minor alterations in synovial fluid after arthroscopy.