Resumo A propósito da história mais recente da Psicologia no Brasil, considerando o período a partir da Constituição Federal de 1988, tomada aqui como acontecimento que favorece a emergência da Psicologia como uma área comprometida com a garantia dos Direitos Humanos, este artigo traz para conhecimento e análise fragmentos de memórias de egressos de instituições totais, como os antigos orfanatos, manicômios e preventórios, como parte de uma política de assistência ao chamado menor abandonado. É possível identificar nas lembranças em questão, com bastante clareza, o entendimento da criança como sendo objeto das ações dos adultos e das instituições, inclusive sendo submetida a práticas de abuso sexual e exploração no trabalho, e não como um sujeito de direitos cuja vida deve ser mantida, reconhecida e valorizada em todas as suas dimensões. Este texto também procura relembrar os vários movimentos de resistências que lutaram pela modificação desse tipo de situação, para que se possa enfrentar os problemas da atualidade, muitos decorrentes da pandemia vivida pela população.
Abstract Regarding the most recent history of Psychology in Brazil, since the 1988 Federal Constitution, considered here as a favorable event for the emergence of Psychology as an area committed to guaranteeing Human Rights, this article analyzes fragments of memories of individuals held at total institutions - such as the old orphanages, asylums and preventive care centers -, as part of an aid policy to the so-called neglected minor. These memories clearly show the understanding of the child as an object of the actions of adults and institutions, including being subjected to sexual abuse and exploitation, and not as a subject of rights whose life must be preserved, recognized and valued in all its dimensions. It also evokes the several resistance movements that fought to change this scenario, so that we can face today’s challenges, many of them resulting from the pandemic experienced by the population.
Resumen Considerando la historia más reciente de la Psicología en Brasil a partir de la Constitución Federal de 1988 tomada aquí como un acontecimiento que favorece el surgimiento de una Psicología comprometida con la garantía de los Derechos Humanos, este artículo expone y analiza fragmentos de memorias de egresados de instituciones totales como los antiguos orfanatos, asilos y centros de atención preventiva como parte de una política de asistencia al llamado menor abandonado. Se puede identificar claramente en estas memorias la comprensión del niño como objeto de las acciones de adultos e instituciones, incluso víctimas de abuso sexual y explotación en el trabajo, y no como sujeto de derechos cuya vida debe ser mantenida, reconocida y valorada en todas sus dimensiones. Además, se busca destacar los momentos de resistencia en la lucha por cambios en estas situaciones, llevados a cabo en la pandemia que afectó a la población.