Este estudo avaliou o impacto da introdução da insulina glargina na terapia basal/bólus em pacientes com diabetes mellitus do tipo 1 (DM1) e do tipo 2 (DM2), com controle inadequado (A1c > 6,9%) em uso prévio de insulina basal NPH. Foi realizado um estudo retrospectivo, não-controlado, com 49 pacientes (28F/21M), idade média 24,7 ± 16,5 anos, tempo de diabetes de 13,2 ± 10,1, sendo 93,1% dos pacientes com DM1, que receberam insulina glargina combinada com insulina ultra-rápida (aspart/lispro) pré-refeições, durante 90 dias de seguimento. Foram analisados dose total de insulina, incidência de hipoglicemias, crises convulsivas, complicações hiperglicêmicas (cetoacidose) e níveis de A1c antes e após três meses do uso da insulina glargina. Os valores de A1c foram determinados pelo método HPLC, com valores de referência de 4,3% a 6,9%. Após 3 meses da modificação do esquema basal para insulina glargina, observou-se redução significativa dos níveis de A1c (10,2 ± 2,0 vs. 9,1 ± 1,8%; p= 0,019). Além disso, verificou-se redução de 0,11 U/kg/dia na dose total de insulina utilizada (NPH: 0,75 U/kg para 0,64 U/kg de insulina glargina; p< 0,05). O uso da insulina glargina associou-se com redução das crises hipoglicêmicas (p= 0,02), crises convulsivas por hipoglicemia grave (p= 0,023) e nenhum caso de cetoacidose (p= 0,001). Este estudo corrobora a eficácia da introdução da insulina glargina em pacientes diabéticos mal controlados, em uso prévio de insulina NPH, com redução importante dos níveis de A1c. Estima-se uma melhora da qualidade de vida desses pacientes, marcada pela redução de eventos hipoglicêmicos (inclusive os graves), episódios de cetoacidose e utilização de menor dose diária de insulina, com provável impacto em políticas de saúde pública.
This study examined the impact of insulin glargine introduction in basal-bolus therapy in type 1 and type 2 diabetic patients with inadequate metabolic control (A1c > 6.9%) using previous NPH insulin regime. In this uncontrolled, retrospective study, 49 patients (28F/21M), average age 24.7 ± 16.5, mean duration of DM 13.2 ± 10.1 yrs., 93.1% DM1 patients, received insulin glargine plus mealtime rapid-acting insulin (lispro or aspart) followed by 90-day treatment. We analyzed mean total insulin dose, incidence of hypoglycemic events, convulsive crisis, hyperglycemic complications and A1c levels before and after three months of introduction of glargine therapy. A1c values were determined using the HPLC instrument, with a normal range of 4.3% to 6.9%. After switching to insulin glargine therapy, mean A1c dropped from 10.2 ± 2.0 to 9.1 ± 1.8%, with significant impact (p= 0.019). We observed a significant reduction of 0.11U/kg/day in total insulin dose, dropped from 0.75U/kg of NPH to 0.64U/kg of glargine, with significant correlation (p< 0.05). The introduction of glargine therapy was coincident with a decrease of hypoglycemic crisis (p= 0.02), convulsive events due to hypoglycemia (severe hypoglycemic crisis) (p= 0.023) and ketosis (p= 0.001) switching MDI-treated patients with improvement of metabolic control (reduction of A1c levels). This therapy improved quality of life in these patients due to a significant reduction of hypoglycemic (including severe) events, ketosis episodes and total daily insulin dose, with important impact on health public services.