A presença cada vez mais disseminada de organismos exóticos (muitos dos quais se tornam invasores) nas diferentes regiões do planeta levou ao surgimento de uma linha de pesquisa na ecologia voltada às invasões biológicas. E para permitir a comunicação entre autores também foi desenvolvido um arcabouço terminológico. Mas, apesar disso, a terminologia relativa às bioinvasões tem sido ignorada por boa parte dos botânicos no Brasil. Há uma boa dose de confusão entre botânicos sobre o que seja uma espécie exótica, naturalizada, invasora, daninha e ruderal, levando ao uso inconsistente da terminologia. Além disso, diferentes autores têm adotado posturas praticamente opostas ao lidar com espécies exóticas em suas áreas de estudo, seja na preparação de tratamentos taxonômicos, seja na publicação de levantamentos florísticos e fitossociológicos. Enquanto alguns pesquisadores incluem em floras mesmo espécies cultivadas que não se reproduzem, outros excluem plantas invasoras comuns e conspícuas. Nós apresentamos aqui, em português, os principais conceitos relativos ao tema da bioinvasão e chamamos a atenção dos autores brasileiros para a necessidade de utilizar de modo consistente o arcabouço terminológico já existente na literatura. Também propomos a adoção de rótulos claros para informar quais espécies são exóticas na área estudada, diferenciando-as das nativas, e sugerimos critérios para ajudar botânicos a decidirem quando uma planta exótica deve ou não ser incluída em tratamentos taxonômicos ou levantamentos de florística.
The ever-growing presence of exotic organisms (many of which become invasive) throughout the planet has led to the emergence of biological invasions as a field of study within ecology. To enable communication between scientists in this field, a terminology has developed. However, this terminology has been ignored by many botanists in Brazil where there is confusion regarding definition of exotic, naturalized, invasive, weed and ruderal species, leading to inconsistent use of the concepts. Moreover, different authors have adopted antagonistic positions when dealing with exotic species existing in their study areas, either in the preparation of taxonomic treatments or in floristic and phytosociological surveys. While some authors include in floras cultivated, non reproducing species, others exclude even widespread and common invasives. We present here, in Portuguese, the main concepts related to the theme of bioinvasion and draw the attention of Brazilian authors to the necessity for consistent use of the terminological framework available for biological invasions. We also propose that authors should clearly label exotic plants reported in their work, differentiating exotics from native species. Finally, we suggest criteria to help botanists decide when exotic plants should or should not be included in taxonomic treatments or in floristic surveys.