Em áreas de restinga da Marambaia, Rio de Janeiro, foram registradas nove espécies de lagartos, pertencentes a quatro famílias. A análise morfométrica sugeriu um padrão de estruturação por invasão, com dois grupos distintos de espécies compondo a comunidade: os "corredores de chão", formado pelos animais de corpo mais robusto e membros mais longos, representados por Tropidurus torquatus (Wied, 1820), Ameiva ameiva (Linnaeus, 1758), Liolaemus lutzae Mertens, 1938,Cnemidophorus littoralis Rocha, Araujo, Vrcibradic & Costa, 2000 e Tupinambis merianae (Duméril & Bibron, 1839); e os "escondedores", reunindo lagartos de menor tamanho e membros mais curtos, representados por Hemidactylus mabouia (Moreau de Jonnès, 1818), Gymnodactylus darwinii (Gray, 1845), Mabuya agilis (Raddi, 1823) e M. macrorhyncha Hoge, 1947. As relações morfométricas dentro da comunidade de lagartos de restinga da Marambaia espelham a influência da estrutura física do habitat (habitat estrutural): a disponibilidade de bromélias e de outros locais para esconder, importantes para os lagartos "escondedores", assim como a distribuição de áreas abertas para os "corredores de chão". Nossos resultados também indicam que as restingas apresentam "espaços ecomorfológicos" disponíveis (nichos vagos) para ocupação por espécies adicionais de lagartos.
In restinga areas of Marambaia, Rio de Janeiro, we recorded nine species of lizards, grouped in four families. The morphometric analysis suggested an invasion-structured pattern, with two distinct groups of species in the community: the "ground-runners", composed of animals with robust bodies and long limbs, represented by Tropidurus torquatus (Wied, 1820), Ameiva ameiva (Linnaeus, 1758), Liolaemus lutzae Mertens, 1938, Cnemidophorus littoralis Rocha, Araujo, Vrcibradic & Costa, 2000 and Tupinambis merianae (Duméril & Bibron, 1839); and the "hiders", composed of small-bodied animals with short limbs, represented by Hemidactylus mabouia (Moreau de Jonnès, 1818), Gymnodactylus darwinii (Gray, 1845), Mabuya agilis (Raddi, 1823) and M. macrorhyncha Hoge, 1947. The morphological relationships within the restinga lizard community reflect the influence of the habitat physical structure: bromeliad availability and other refugia, used by the "hiders", and the distribution of open areas, used by the "ground-runners". Our results also indicate that the restingas hold "ecomorphological spaces" (vacant niches) available for occupation by additional lizard species.