Resumo Atualmente, uma fração elevada e diversificada de conhecimento científico é publicado. Contudo, a publicação dos resultados científicos no campo académico e entre pares não garante que o conhecimento chegue à sociedade. Os cientistas têm o dever de transformar o conhecimento em produtos de fácil consumo, acessíveis às pessoas, no momento em que necessitam de tomar decisões conscientes e informadas, contribuindo para o empoderamento sobre aspetos da sua saúde e da sua vida. Analisar o léxico utilizado por entidades internacionais nas suas estruturas online para comunicar a ciência ao cidadão. Estudo exploratório, de natureza descritiva, com recurso a análise documental dos conteúdos publicados nos websites de 16 instituições científicas internacionais. O corpus textual foi organizado em 21 textos e submetido à análise com auxílio do software Interface de R pour Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionneires (IRAMUTEQ). O corpus foi organizado em dois campos contextuais: “Aproximação ao cidadão” e “Da compreensão pública de ciência à comunicação estratégica”. Posteriormente, foram categorizados os mundos lexicais “Interação”, “Envolvimento”, “Acessibilidade” e “Capacitação”. O léxico revelado nos discursos das instituições científicas permitiu identificar os campos conceptuais e os mundos lexicais que caracterizam os três modelos de comunicação existentes. Nas estratégias para comunicação de ciência reveladas é possível verificar elementos da transição e evolução dos próprios modelos ao longo dos anos. O modelo do défice, fortemente criticado na literatura, é representado pelo mundo lexical de menor representatividade, demonstrando que ainda possui raízes nas estratégias vigentes, porém constitui um modelo que já não responde suficientemente aos interesses e necessidade do público atual. Em contrapartida, os dois modelos subsequentes, apesar de apresentarem-se distantes nas análises de CHD, AFC e similitude, concorrem para objetivos semelhantes, e aproximam-se, de modo mais equitativo, a uma comunicação de ciência democrática e interativa.
Abstract Currently, a high and diverse fraction of scientific knowledge is published. However, the publication of scientific results in the academic field and among peers does not guarantee that knowledge reaches society. Scientists have a duty to transform knowledge into products that are easy to consume, accessible to people, at a time when they need to make conscious and informed decisions, contributing to empowerment in aspects of their health and their lives. To analyze the lexicon used by international entities in their online structures to communicate science to lay citizens. Exploratory study, of a descriptive nature, using document analysis of content published on the websites of 16 international scientific institutions. The textual corpus was organized into 21 texts and submitted to analysis using the software Interface de R pour Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionneires (IRAMUTEQ). The corpus was organized into two contextual fields “Approaching the citizen” and “From public understanding of science to strategic communication”. Subsequently, the lexical worlds “Interaction”, “Involvement”, “Accessibility” and “Enabling” were categorized. The lexicon revealed in the speeches of the scientific institutions made it possible to identify the conceptual fields and the lexical worlds that characterize the three existing models of communication. In the scientific dissemination strategies revealed, there are elements of the transition and evolution of the models themselves over the years. The deficit model, strongly criticized in the literature, is represented by the less representative lexical world, demonstrating that it still has roots in current strategies, but constitutes a model that no longer responds sufficiently to the interests and needs of the current public. In contrast, the two subsequent models, although distant in CHD, AFC and similarity analyses, compete for similar goals, and more equitably address the democratic and interactive communication of science.