Resumo Neste artigo, objetivamos descrever e problematizar as principais questões de operacionalização do trabalho de campo da pesquisa participante, ressaltando dilemas da relação pesquisador e sujeito-colaborador da pesquisa em contexto de atuação da Estratégia Saúde da Família em território de alta vulnerabilidade social. Criamos o grupo gestor da pesquisa, formado por gestores, profissionais (destacando-se os agentes comunitários de saúde) e pesquisadores, com o objetivo de elaborar estratégias e refletir sobre os resultados da pesquisa. Fizemos observações participantes do cotidiano, diários de campo, anotações sistemáticas e transcrições dos encontros. A metodologia de análise foi a hermenêutica de profundidade, de Thompson. Essa combinação metodológica possibilitou dar ênfase às experiências cotidianas, somando-as ao ‘chão’, ao que sustenta as vivências, ou seja, a história local, a cultura, a política e a organização do trabalho em saúde, as configurações intersubjetivas e sociais do território e a história de vida das pessoas. Nesse contexto, o grupo gestor deu o tom das ações da pesquisa, ainda que seu processo grupal evidenciasse tensões vividas pela Estratégia Saúde da Família. Os diálogos horizontais conquistados pelo trabalho desse grupo possibilitaram uma transformação e uma construção do conhecimento compartilhada entre atores do campo e pesquisadores, os quais estavam implicados com os dilemas vivenciados.
Abstract In this article, we describe and discuss the main operational issues of participatory research fieldwork, highlighting the dilemmas of the researcher and research subject/collaborator relationship in the context of the Family Health Strategy activities in a territory where there is high social vulnerability. We created the research management group, consisting of managers, professionals (emphasizing the community health agents) and researchers, aiming to develop strategies and reflect on the results of the research. We undertook participant observation of daily life, field daybooks, we took systematic notes, and made transcripts of the meetings. The analysis methodology used was Thompson's in-depth hermeneutics. This methodological combination made it possible to emphasize everyday experiences, adding them to the ‘ground,’ to what supports the experiences, i.e. the local history, culture, politics, and the organization of the work in health, on intersubjective and social settings of the territory and of people's life history. In this context, the management group set the tone of the research actions, although its group process showed the tensions experienced by the Family Health Strategy. The horizontal dialogs conquered by the work done by this group allowed for a transformation and construction of knowledge shared among the field players and researchers, who were involved with the dilemmas experienced.
Resumen En este artículo, buscamos describir y problematizar las principales cuestiones de operacionalización del trabajo de campo de la investigación participante, resaltando los dilemas de la relación investigador y sujeto/colaborador de la investigación, en un contexto de actuación de la Estrategia Salud de la Familia en territorio de alta vulnerabilidad social. Creamos el grupo gestor de la investigación, formado por gestores, profesionales (destacándose los agentes comunitarios de salud) e investigadores, con el objetivo de preparar las estrategias y reflexionar sobre los resultados de la investigación. Hicimos observaciones participantes del quehacer cotidiano, diarios de campo, anotaciones sistemáticas y transcripciones de los encuentros. La metodología de análisis utilizada fue la hermenéutica de profundidad, de Thompson. Esta combinación metodológica permitió enfatizar las experiencias cotidianas, sumándolas al ‘suelo’, al que sostiene las vivencias, o sea, la historia local, la cultura, la política y la organización del trabajo en salud, las configuraciones intersubjetivas y sociales de los territorios y la historia de vida de las personas. En ese contexto, el grupo gestor orientó las acciones de investigación, aun cuando su proceso grupal evidenciara tensiones vividas por la Estrategia Salud de la Familia. Los diálogos horizontales conquistados por el trabajo de ese grupo permitieron una transformación y una construcción del conocimiento compartido entre actores del campo e investigadores, los cuales estaban implicados con los dilemas vivenciados.