Foram rastreados 1.033 primodoadores de sangue e 201 prisioneiros, para a infecção pelo vírus da hepatite B (VHB), durante o período de junho de 1988 a fevereiro de 1989, em Goiânia, GO (Brasil). Foi estimada a soroprevalência dos marcadores AgHBs e anti-HBs, e estudados os fatores de risco associados a soropositividade. Os testes sorológicos foram realizados pela técnica de ELISA e a presença de qualquer dos marcadores estudados foi interpretada como exposição ao vírus da hepatite B. Um questionário padronizado foi aplicado em ambos os grupos populacionais para avaliar: transfusão sangüínea prévia, número de parceiros sexuais, atividade homo/bissexual, história de outras doenças sexualmente transmissíveis, uso de droga injetável, uso de medicação injetável, acupuntura, tatuagem e soropositividade ao VDRL. Foram obtidas soroprevalências globais para a infecção pelo VHB de 26,4% e 12,8% para a população carcerária e de primodoadores respectivamente, diferença estatisticamente significante (p<0,05), observando-se tendência crescente da soropositividade com a idade (X² para tendência = 14,0, p<0,05). A população carcerária apresentou maiores percentuais de exposição a todos os fatores de risco quando comparada aos primodoadores, a exceção do número de parceiros sexuais. Grupo etário, encarcera-mento e presença de tatuagem foram os fatores de risco estatisticamente significantes associados a soropositividade, mesmo após análise multivariada controlada por idade e encarceramento. Foram discutidas as dificuldades metodológicas que poderiam ter influenciado nos resultados.
Two cross-sectional surveys on hepatitis B virus (HBV) infection were carried out among 1,033 volunteer first-time blood donors in five blood banks (3 private, 2 public) and among 201 prisoners in the Penitentiary Center of Industrial Activity, in Goiânia, Central Brazil, between June 1988 and February 1989. Those surveys were part of a major study designed to estimate seroprevalence of HBsAg and anti-HBsAg markers by ELISA test, and to study risk factors associated with seropositivity. The presence of any serum marker was considered as previous exposure to HBV. A standard questionnaire was applied to both populations to evaluate previous blood transfusion, number of sexual partners, homo/bisexual activity, history of sexually transmitted diseases, drug abusers, use of parenteral medicine, accupunture, tattooing and VDRL seropositivity. Seroprevalence varied from 12.8% to 26.4% in blood donors and prisoners, respectively, (p<0.05) and increased with age (X² trend=14.0 p<0.05%). Prisoners had higher percentages of all risk factors investigated than blood donors, with the exception of number of sexual partners. Among all risk factors studied, age, imprisonment and tattooing were statistically associated with seropositivity, even after multivariate analysis controlling for age and reclusión. The paper discusses the methodologic issues related to this epidemiologic investigation.