Na região Sul do Brasil, é comum, no sistema plantio direto, o cultivo da aveia preta como cultura de cobertura antecedendo ao milho. No entanto, em situações de ausência ou de limitada adubação nitrogenada, esta sucessão pode restringir o rendimento de milho, decorrente do processo de imobilização do N. A adubação nitrogenada na cultura de cobertura, visando minimizar este efeito, ainda é uma prática pouco investigada. Este trabalho objetivou avaliar a influência de doses de N aplicadas na cultura da aveia sobre a decomposição e liberação de N dos resíduos e sobre o rendimento de milho cultivado em sucessão. O experimento foi realizado em 1998 e 1999, na área experimental do Departamento de Solos da Universidade Federal de Santa Maria (RS), em um Argissolo Vermelho distrófico arênico (Hapludalf). O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, com quatro repetições e 10 tratamentos, sendo sete com aveia preta (doses de N: 0, 40, 80, 120, 160, 200 e 240 kg ha-1), um com ervilhaca e dois com pousio. Em todos eles, foi cultivado o milho em sucessão, sem adubação nitrogenada, exceto em um dos pousios, no qual o milho recebeu, parceladamente, 160 kg ha-1 de N. A adubação com P e K e a correção da acidez foram as mesmas para todos os tratamentos. A avaliação da decomposição dos resíduos de aveia e de ervilhaca e da liberação de N para o milho foi realizada com o uso de sacos de decomposição em todos os tratamentos, à exceção dos pousios. As amostragens foram realizadas aos 0, 10, 20, 30, 50, 70, 90 e 110 dias, em 1998, e aos 0, 15, 30, 45, 65, 85, 105 e 125 dias, em 1999. Não houve diferença estatística na velocidade de decomposição dos resíduos de aveia adubada com doses de N, mesmo quando a relação C/N da fitomassa foi reduzida de 50 para 26. O N liberado pelos resíduos de aveia foi diretamente proporcional à dose de N utilizada. Embora tenha sido verificado efeito positivo da adubação nitrogenada aplicada na aveia sobre a nutrição e sobre o rendimento do milho cultivado em sucessão, nenhuma das doses avaliadas foi suficiente para alcançar o rendimento obtido no tratamento com pousio e N aplicado em cobertura no milho. Assim, mesmo que a adubação nitrogenada na aveia tenha contribuído para o incremento da disponibilidade de N à cultura em sucessão, o deslocamento total dessa adubação para a aveia não foi uma estratégia eficiente para atender plenamente à demanda do milho.
In Southern Brazil, black oat (Avena strigosa, Schieb), is a common cover crop, preceding maize in no-tillage systems. However, where N supply is restricted or absent, this sequence can affect the corn yield due to the N immobilization process. The practice of fertilizing cover crops with N to control this effect is not well investigated yet. Main goal of this study was to evaluate the effect of N application on black oat regarding residue decomposition and residue N release, as well as corn yield. The experiment was carried out in 1998/99 and 1999/00 at the Federal University of Santa Maria in the experimental area of the Soil Science Department, Santa Maria county, state of Rio Grande do Sul, Brazil, on a typic Hapludalf with sandy loam A horizon. The experimental design was of completely randomized blocks with ten treatments and four replicates. Seven of the treatments were oat, which received N applications of 0, 40, 80, 120, 160, 200, and 240 kg ha-1, one with common vetch , and two fallow. All cover crops were followed by maize cultivated without N fertilization, except for one of the fallow treatments, after which maize received 160 kg ha-1N in split application. Lime, P, and K were applied at constant rates in all treatments. Residue decomposition of oat and vetch, and N release were determined using mesh bags for all treatments, except for fallow. In 1998, samples were collected after 0, 10, 20, 30, 50, 70, 90, and 110 days and after 0, 15, 30, 45, 65, 85, 105, and 125 days in 1999. Results indicated no significant difference in the residue decomposition rate in relation to any N rate, even when the C/N ratio of the oat residue was reduced from 50 (0 N) to 26 (240 N). Nitrogen released by the oat residues was directly proportional to the applied N dose. Although a positive effect of N fertilization of black oat was verified for the subsequent corn crop in nutrition and yield, none of the evaluated doses brought forth a comparable yield to the one obtained with fallow and subsequent maize with top dressing N. Consequently, the decision to apply all N on black oat would not be an efficient strategy to supply the corn with N, despite the positive effect of oat N fertilization on N availability in the subsequent crop.