RACIONAL: Nos últimos anos, estudos têm demonstrado a importância da hérnia hiatal na etiopatogenia da doença do refluxo gastroesofágico, atuando por vários mecanismos, sendo enfatizado que quanto maior a hérnia, maior seria a possibilidade de refluxo e esofagite. OBJETIVOS: Avaliar por parâmetros de pHmetria prolongada, se a presença de hérnias volumosas se correlaciona com maior intensidade do refluxo, em pacientes com a doença do refluxo erosiva e doença do refluxo não-erosiva. PACIENTES E MÉTODOS: Foram revistas as pHmetrias prolongadas anormais consecutivas de pacientes em investigação de doença do refluxo gastroesofágico (pirose como queixa principal) e analisadas as percentagens de tempo total (%TT), em posição ereta (%TE) e posição supina (%TS) com pH <4. Todos haviam realizado previamente endoscopia digestiva alta. Selecionaram-se pacientes com doença do refluxo erosiva (esofagite pela classificação de Savary-Miller) e com doença do refluxo não-erosiva (sem esofagite, com pHmetria prolongada anormal), todos com hérnia hiatal. Considerou-se hérnia hiatal não volumosa aquelas entre 2 e <5 cm e hérnia hiatal volumosa quando de tamanho =/>5 cm. RESULTADOS: Cento e noventa e dois pacientes preencheram os critérios de inclusão, sendo 115 com doença do refluxo erosiva e 77 com doença do refluxo não-erosiva. No primeiro grupo, 94 (81%) pacientes apresentavam hérnias hiatais não-volumosas, enquanto que 21 (19%) apresentavam hérnias hiatais volumosas. No grupo com doença do refluxo não-erosiva, 66 (85%) pacientes apresentavam hérnia hiatal não-volumosa e 11 (15%) hérnia hiatal volumosa. Na doença do refluxo erosiva, as %TT, %TE e %TS foram de 13,1 + 7,1, 13,4 + 7,4 e 12,3 + 11,5 nas hérnias hiatais não-volumosas, aumentando para 20,2 + 12,3, 17,8 + 14,1 e 20,7 + 14,1 nas hérnias hiatais volumosas, respectivamente, sendo este aumento estatisticamente significante nos tempos total e supino. Na doença do refluxo não-erosiva, as %TT, %TE e %TS foram de 9,6 + 4,8, 10,8+ 6,8 e 8,6 + 7,3 nas hérnias hiatais não volumosas e de 14,6 + 13,3, 11,2 + 7,5 18,1 + 21,0 nas hérnias volumosas, respectivamente, com significância semelhante à anterior. CONCLUSÃO: As hérnias volumosas aumentam o tempo de exposição ácida esofágica exclusivamente na posição supina nos pacientes com doença do refluxo erosiva e doença do refluxo não-erosiva.
BACKGROUND: In the last few years studies have demonstrated that hiatal hernias have an important role in the pathogenesis of reflux disease, promoting reflux by many different mechanisms, emphasizing that the larger the hiatal hernia, the higher the reflux intensity and erosive esophagitis prevalence. AIM: To correlate the size of hiatal hernias (small or large) with reflux intensity (measured by pH monitoring parameters) in patients with non-erosive and erosive reflux disease. PATIENTS AND METHODS: We reviewed pH monitoring from patients with typical reflux symptoms (heartburn) previously submitted to upper endoscopy. Reflux intensity was measured by the % of total time of pH <4 (%TT) and by % of time of pH <4 in upright (%UT) and supine (%ST) positions. Patients were classified as non-erosive reflux disease if no erosive esophagitis was found in endoscopy and pH monitoring was abnormal and as erosive reflux disease if they had erosive esophagitis. Hiatal hernias were classified as small if their size ranged from 2 to 4 cm and large if >5 cm. RESULTS: A total of 192 patients were included, being 115 in erosive reflux disease group and 77 in non-erosive reflux disease group. In erosive reflux disease patients, there were 94 (81%) with small hiatal hernias and 21 (19%) with large ones and in non-erosive reflux disease patients there were 66 (85%) with small and 11(15%) with large hiatal hernias. In erosive reflux disease group, the %TT, %UT and %ST were of 13.1 + 7.1; 13.4 + 7.4 and 12.3 + 11.5 in small hiatal hernias and 20.2 + 12.3; 17.8 + 14.1 and 20.7 + 14.1 in large hiatal hernias, respectively (P <0,05 for %TT and %TS). In non-erosive reflux disease patients, %TT, %UT and %ST were 9.6 + 4.8; 10.8 + 6.8 and 8.6 + 7.3 in small hiatal hernias and of 14.6 + 13.3; 11.2 + 7.5 and 18.1 + 21.0 in large hiatal hernias respectively (P <0,05 for %TT and %TS). CONCLUSION: Large hiatal hernias increase acid exposure time only in supine position in erosive esophagitis patients and in non-erosive patients.