OBJETIVO: analisar, em mulheres com HPV em colo do útero, as características da infecção viral e os fatores de risco para lesão intraepitelial de alto grau e carcinoma cervical. MÉTODOS: realizou-se um estudo caso-controle com mulheres com HPV em colo do útero atendidas em serviço de Ginecologia de referência vinculado ao SUS, em Recife, Nordeste do Brasil. No grupo de casos (72 mulheres com lesão intraepitelial de alto grau ou carcinoma cervical) e de controles (176 mulheres com colpocitologia normal ou com alterações benignas), foram pesquisados seis genótipos virais (HPV 16, 18, 31, 33, 6 e 11) em material da ecto- e endocérvice com primers MY09/MY11. As variáveis independentes foram hierarquizadas em três níveis de determinação: distal (sociodemográficas), intermediário (comportamentais) e proximal (realização anterior de colpocitologia). A homogeneidade das proporções foi testada (χ2). Obtiveram-se ORs não ajustadas e, na modelagem final, realizou-se regressão logística hierarquizada com o ajuste do efeito de cada variável sobre o desfecho pelas variáveis do mesmo nível e de níveis anteriores de causalidade. RESULTADOS: em 76,6% das 248 mulheres participantes do estudo, o genótipo viral da infecção cervical foi identificado. Predominaram genótipos de alto risco oncogênico (83,4% nos casos e 67,1% nos controles), principalmente HPV 16 e 31. Foram identificados como fatores de risco (a) distais: residir em zona rural (OR=2,7; IC95%: 1,1-6,2), menos de três anos de estudo (OR=3,9; IC95%: 2,0-7,5) e renda familiar inferior a dois salários mínimos (OR=3,3; IC95%: 1,0-10,5); (b) intermediário: número de gestações igual ou superior a quatro (OR=2,0; IC95%: 1,0-3,7); (c) proximal: ausência de colpocitologia anterior (OR=9,7; IC95%: 2,4-38,2). CONCLUSÕES: em mulheres usuárias do SUS do Nordeste do Brasil predominam os genótipos virais 16 e 31 em infecções cervicais por HPV, sendo que fatores socioeconômicos, reprodutivos e relacionados à ausência de rastreamento citológico representam risco para lesão intraepitelial de alto grau e câncer cervical.
PURPOSE: to analyze the characteristics of viral infection and the risk factors for high-grade squamous intraepithelial lesion and cervical carcinoma in women with cervical HPV infection. METHODS: a case-control study was conducted on women with cervical HPV at a Gynecology reference service enrolled at the Public Health System, located in Recife, Northeastern Brazil. The groups of cases (72 women with high-grade squamous intraepithelial lesion or cervical cancer) and controls (176 women with normal Pap smear or benign alterations) were investigated for six viral genotypes (HPV 16, 18, 31, 33, 6, 11) in ecto- and endocervical material using MY09/MY11 primers. The independent variables were ranked in three levels of determination: distal (sociodemographic), intermediate (behavioral) and proximal (previous Pap smear). The homogeneity of proportions was tested (χ2), unadjusted Odds Ratios (OR) were obtained and hierarchical logistic regression was applied to the final model, with adjustment of the effect of each variable to the outcome based on the variables in the same and previous levels of causality. RESULTS: the viral genotype of cervical infection was identified in 76.6% of the 248 women participating in the study. High-risk HPV genotypes (83.4% of cases and 67.1% of controls) were predominant, especially HPV 16 and 31. The distal risk factors identified were: living in a rural area (OR=2.71, 95%CI: 1.18-6.23), less than three years of study (OR=3.97, 95%CI: 2.09-7.54) and family income below two minimum wages (OR=3.30, 95%CI: 1.04-10.51); intermediate: four or more pregnancies (OR=2.00, 95%CI: 1.06-3.76); and proximal: absence of a previous Pap smear (OR=9.74, 95%CI: 2.48-38.28). CONCLUSIONS: genotypes 16 and 31 of cervical HPV infection are predominant among women assisted by the Public Health System in Northeastern Brazil. Socioeconomic and reproductive factors, as well as the absence of cytological screening, represent risk factors for the progression of infection to high-grade squamous intraepithelial lesion and cervical cancer.