RESUMO JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A dor é um sintoma comum em pessoas que vivem com a síndrome da imunodeficiência adquirida, sendo bastante subnotificada e não tratada. Por esse motivo, existe a necessidade de estudos que discutam a temática na tentativa de esclarecer os fatores envolvidos nesse processo e buscar tratamentos adequados e eficazes. Dentro dessa perspectiva, o objetivo deste estudo foi relacionar o nível de dor em pessoas que vivem com o vírus da imunodeficiência humana, com variáveis sócio-demográficas e clínicas. MÉTODOS: Pesquisa descritiva com caráter transversal, com 261 indivíduos vivendo com o vírus da imunodeficiência humana. Foi aplicada a escala analógica visual para a intensidade da dor e entrevista semiestruturada como anamnese. RESULTADOS: Foi encontrado um total de 47,5% indivíduos referindo dor leve/sem dor; 24,1% com dor moderada e 28,4% com dor intensa. Foi encontrada relação significativa entre a dor e o sexo (p=0,02), estado de saúde (p=0,001), percepção da saúde, quanto a se sentir doente ou não (p=0,001) e o estágio da infecção (p=0,005). A dor foi caracterizada em lancinante (69%), perfurante (55%) e em queimação (41%), sendo encontrada relação significativa entre essas variáveis (p<0,001). Foi possível encontrar também uma associação significativa com relação a intensidade da dor (p<0,001) e o tempo (p<0,001). Quando aplicado o modelo de regressão logística, o fato de ser mulher representou um risco de 7,256 (p<0,001) para a dor moderada e de 5,329 (p<0,004) para dor intensa. Com relação a idade, as faixas etárias de 21 a 30 anos (0,073; p<0,046), 41 a 50 anos (0,068; p<0,023) e 51 a 60 anos (0,063; p<0,030), apresentaram-se como fator de proteção para a presença de dor moderada. Com relação ao estado de saúde, esta variável apresentou-se como fator de risco para a presença de dor moderada (8,13; p<0,038) e intensa (11,73; p<0,005). CONCLUSÃO: A dor foi um sintoma prevalente entre as pessoas que vivem com o vírus da imunodeficiência humana.
ABSTRACT BACKGROUND AND OBJECTIVES: Pain is a common symptom in people living with acquired immunodeficiency syndrome, being widely underreported and not treated. For this reason, there is the need for studies discussing the subject in the attempt to explain factors involved in this process and to look for adequate and effective therapies. So, this study aimed at relating pain level in people living with human immunodeficiency virus to socio-demographic and clinical variables. METHODS: This was a descriptive and cross-sectional study with 261 individuals living with the human immunodeficiency virus. Visual analog scale for pain intensity and semi-structured interview for anamnesis were applied. RESULTS: A total of 47.5% of individuals was found reporting mild pain/no pain; 24.1% with moderate pain and 28.4% with severe pain. There has been significant relationship between pain and gender (p=0.02), health status (p=0.001), health perception with regard to feeling ill or not (p=0.001) and infection stage (p=0.005). Pain was characterized as shooting (69%), piercing (55%) and burning (41%), with significant relationship with regard to pain intensity (p<0.001) and time (p<0.001). When the logistic regression model was applied, the fact of being a female has represented a risk of 7.256 (p<0.001) for moderate pain and of 5.329 (p<0.004) for severe pain. With regard to age, age groups between 21 and 30 years (0.073; p<0.046), 41 and 50 years (0.068; p<0.023) and 51 and 60 years (0.063; p<0,030) were protection factors for the presence of moderate pain. With regard to health status, this variable was a risk factor for the presence of moderate pain (8.13; p<0.038) and severe pain (11.73; p<0.005). CONCLUSION: Pain was a prevalent symptom among people living with human immunodeficiency virus.