RESUMO Objetivos: Verificar a influência do campo visual e/ou tomografia de coerência óptica, quando analisados em associação à retinografia colorida, na diferenciação entre indivíduos com glaucoma daqueles com aumento fisiológico de escavação. Métodos: Oitenta pacientes com glaucoma ou aumento fisiológico de escavação (40 cada) foram randomizados de acordo com o exame testado (GI: retinografia colorida, GII: retinografia colorida + campo visual, GIII: retinografia colorida + tomografia de coerência óptica, GIV: retinografia colorida + campo visual + tomografia de coerência óptica). Vinte oftalmologistas não especialistas em glaucoma diagnosticaram glaucoma através de slides do PowerPoint, sem o exame direto do paciente. Resultados: A concordância interexaminador foi boa para o GII (ĸ: 0,63; 95%CI, 0,53-0,72), moderada para GIII (ĸ: 0,58; 95%CI, 0,48-0,68) e GIV (ĸ: 0,41; 95%CI, 0,31-0,51), e baixa para o GI (ĸ: 0,30; 95%CI, 0,20-0,39) (p<0,001). Acurácia diagnostica foi maior no GIII (15,8 ± 1,82) em comparação ao GI (12,95 ± 1,46, p<0,001) e o GII (16,25 ± 2,02) maior em comparação ao GI e GIV (14,10 ± 2,24) (para ambos, p<0,001). Para os pacientes com glaucoma, a acurácia diagnostica nos grupos GII e GIII foi superior do que em GI e GIV (ambos p<0,001). Sensibilidade e especificidade foram 59% e 70,5% no GI; 86,5% e 76% no GII, 86,5% e 71,5% no GIII; 68,5% e 72,5% no GIV, respectivamente. A acurácia foi maior no GII (81,3% [95%CI, 77,1-84,8]), seguido pelo GIII (79% [95%CI, 74,7-82,7]), GIV (70,5% [95%CI, 65,9-74,8]), e GI (64,8% [95%CI, 60,0-69,3]). Conclusões: A avaliação isolada da retinografia colorida por oftalmologistas não especialistas em glaucoma não pode diferenciar pacientes com glaucoma daqueles com aumento fisiológico de escavação. Houve aumento da acurácia diagnóstica e da concordância interobservador com o acréscimo do campo visual ou da tomografia de coerência óptica. Entretanto, o uso de ambas as modalidades não melhorou a sensibilidade/especificadade.
ABSTRACT Purpose: To compare the use of visual field and/or optical coherence tomography (OCT) combined with color retinography by non-glaucoma specialists for differentiating glaucoma from physiological cupping. Methods: Eighty patients with glaucoma or physiological cupping (40 of each) were randomized according to the examination used (GI: color retinography, GII: color retinography + visual field, GIII: color retinography + optical coherence tomography, GIV: color retinography + visual field + optical coherence tomography). Twenty non-specialist ophthalmologists diagnosed glaucoma from PowerPoint slide images, without direct patient examination. Results: Inter-examiner agreement was good for GII (ĸ: 0.63; 95%CI, 0.53-0.72), moderate for GIII (ĸ: 0.58; 95%CI, 0.48-0.68) and GIV (ĸ: 0.41; 95%CI, 0.31-0.51), and low for GI (ĸ: 0.30; 95%CI, 0.20-0.39) (p<0.001). Diagnostic accuracy was higher in GIII (15.8 ± 1.82) than GI (12.95 ± 1.46, p<0.001) and higher in GII (16.25 ± 2.02) than GI and GIV (14.10 ± 2.24) (both p<0.001). For glaucoma patients only, diagnostic accuracy in GII and GIII was superior to that in GI and GIV (both p<0.001). Sensitivity and specificity were 59% and 70.5% in GI; 86.5% and 76% in GII, 86.5% and 71.5% in GIII; and 68.5% and 72.5% in GIV, respectively. Accuracy was highest in GII (81.3% [95%CI, 77.1-84.8]), followed by GIII (79% [95%CI, 74.7-82.7]), GIV (70,5% [95%CI, 65.9-74.8]), and GI (64.8% [95%CI, 60.0-69.3]). Conclusions: Non-glaucoma specialists could not differentiate glaucoma from increased physiological cupping when using color retinography assessment alone. Diagnostic accuracy and inter-rater agreement improved significantly with the addition of visual field or optical coherence tomography. However, the use of both modalities did not improve sensitivity/specificity.