ABSTRACT In home office work, a condition resulting from the COVID-19 pandemic, demands from the professional and domestic spheres coincide in space, and may compete in terms of the workers’ time. In this condition, people work when everyone is at home, and domestic and care tasks are expanded given new demands. Having the sexual division of labor as a theoretical framework, this study analyzes the experience of home office of academics during the COVID-19 pandemic. The empirical material is based on online semi-structured interviews with teachers (four men and six women) of a federal university in Rio de Janeiro, RJ, in a heterosexual union, who have at least one child up to 10 years old. There is unanimity among teachers regarding the greater burden of domestic and care work upon women, who often take care of the house alone. The presence of children increases care time, including support to school activities. The breakdown of the delegation model (to the maid or nanny) highlights the unresolved conflicts within the family. The observed asymmetries express the socially produced gender system, which causes disadvantages to women, both in the field of health and of scientific production during the pandemic, expanding inequalities and inequities that precede the pandemic.
RESUMO No trabalho em home office decorrente da pandemia de COVID-19, demandas das esferas profissional e doméstica coincidem no espaço, podendo competir pelo tempo do(a) trabalhador(a). Nesta condição, as tarefas domésticas e de cuidado se ampliam por conta das novas demandas geradas, já que todos estão em casa também dando conta de suas atividades profissionais. Tendo como aporte teórico a divisão sexual do trabalho, este estudo analisa a vivência do trabalho em home office de docentes universitários durante a pandemia de COVID-19. O material empírico se baseia em entrevistas semiestruturadas no formato virtual com docentes (quatro homens e seis mulheres) de uma universidade federal no Rio de Janeiro, RJ, em união heterossexual, que têm pelo menos um(a) filho(a) de até 10 anos. Há unanimidade entre os docentes quanto ao maior peso do trabalho doméstico e de cuidado sobre as professoras, que frequentemente se ocupam sozinhas da casa. A presença das crianças aumenta o tempo de cuidado, incluindo o acompanhamento de atividades escolares. A quebra do modelo de delegação (à empregada doméstica ou babá) evidencia os conflitos não resolvidos dentro da família. As assimetrias observadas expressam o sistema de gênero socialmente produzido, que desfavorece as mulheres, tanto no âmbito da saúde, como da produção científica durante a pandemia, ampliando desigualdades e iniquidades que precedem a pandemia.