RESUMO Objetivo. Examinar a mortalidade materna no Panamá por meio de uma análise das mortes obstétricas diretas, mortes obstétricas indiretas e fatores contribuintes. Métodos. Este estudo de coorte usa dados publicamente disponíveis do Instituto Nacional de Estatística e Censo do Panamá para apresentar uma análise retrospectiva de um período de 25 anos de mortes maternas na República do Panamá, de 1998 a 2022. Os dados públicos foram obtidos no site do Instituto Nacional de Estatística e Censo. Foram usados códigos relevantes da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, Décima Revisão (CID). A razão de mortalidade materna (RMM) foi definida como o número de mortes maternas por 100 mil nascidos vivos. Para analisar os dados, determinou-se a confiabilidade da linha de tendência usando R2. Resultados. Houve 1 026 mortes maternas no Panamá de 1998 a 2022. Dessas, 61,2% foram atribuídas a causas obstétricas diretas; 23,9%, a causas obstétricas indiretas; 13,6%, a fatores contribuintes; e 1,4% tinham causa desconhecida ou indeterminada. A RMM média foi de 60,1. Na análise da confiabilidade da linha de tendência, obteve-se R2 = 0,1 (y = -0,5147x + 1094,7), o que não é estatisticamente significante, mas atende aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para 2030. As causas primárias específicas de mortes obstétricas diretas foram: 12,9% devido a hemorragia pós-parto (CID O72); 9,2%, eclâmpsia (CID O15); 6,7%, infecção puerperal (CID O85); e 6,3%, pré-eclâmpsia (CID O14). No caso das mortes obstétricas indiretas, as principais causas foram: 14,9% devido a outras doenças da mãe, classificadas em outra parte mas que complicam a gravidez, o parto e o puerpério (CID O99); e 7,3%, doenças infecciosas e parasitárias maternas classificáveis em outra parte, mas que compliquem a gravidez, o parto e o puerpério (CID O98). Conclusões. Os achados deste estudo confirmaram que houve um número substancialmente maior de causas obstétricas diretas (61,2%) que de causas obstétricas indiretas (23,9%), fatores contribuintes (13,6%) ou causas desconhecidas ou indeterminadas (1,4%) de mortalidade materna, apesar de essas causas serem altamente preveníveis. Embora o Panamá esteja no rumo certo para cumprir a meta de RMM de 70 até 2030, esses resultados destacam a falta de acesso à atenção à saúde devido ao déficit de ginecologistas-obstetras por 100 mil habitantes nas comarcas indígenas, onde se concentram 30,8% das mortes maternas. Além disso, o sistema de saúde do Panamá não é imune a pandemias e crises. Entre 1998 e 2022, houve cinco anos em que a RMM no Panamá passou de 70: 2001, 2002, 2006, 2011 e 2020. Estes achados também realçam a dicotomia entre as estatísticas e as políticas de saúde. Embora a confiabilidade da linha de tendência não tenha sido significante (R2 = 0,1), a RMM cumpre os requisitos dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para 2030. Futuros estudos devem considerar fatores relacionados às causas obstétricas indiretas e contribuintes das mortes, acesso à atenção à saúde, COVID-19, cesariana e parto natural, idade, renda econômica e assistência pré-natal e pós-parto, bem como a qualidade dos estabelecimentos de saúde públicos e privados na Região das Américas.
ABSTRACT Objective. To examine maternal mortality in Panama, analyzing its direct obstetric deaths, indirect obstetric deaths, and contributory conditions. Methods. This cohort study used publicly available data from the National Institute of Statistics and Census to present a 25-year retrospective analysis of maternal deaths in the Republic of Panama from 1998 to 2022. Public data were sourced from the National Institute of Statistics and Census website of Panama. Relevant codes from the International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems, Tenth Revision (ICD) were used. The maternal mortality ratio (MMR) was defined as the number of maternal deaths per 100 000 live births. Trendline reliability with R2 was performed to analyze the data. Results. A total of 1 026 maternal deaths occurred in Panama from 1998 through 2022, of which 61.2% were attributed to direct obstetric causes; 23.9%, indirect obstetric causes; 13.6%, contributory conditions; and 1.4% were unknown or undetermined. The average MMR was 60.1. The trendline reliability resulted in R2 = 0.1 (y = –0.5147x + 1094.7), which is not statistically significant but meets the 2030 Sustainable Development Goals. The specific primary causes of direct obstetric deaths were: 12.9% due to postpartum hemorrhage (ICD O72); 9.2%, eclampsia (ICD O15); 6.7%, puerperal sepsis (ICD O85); and 6.3%, pre-eclampsia (ICD O14). For indirect obstetric deaths, the primary causes were: 14.9% due to other maternal diseases classifiable elsewhere but complicating pregnancy, childbirth, and the puerperium (ICD O99); and 7.3%, maternal infectious and parasitic diseases classifiable elsewhere but complicating pregnancy, childbirth, and the puerperium (ICD O98). Conclusions. The findings of this study confirmed that there were substantially more direct obstetric causes (61.2%) than indirect obstetric causes (23.9%), contributory causes (13.6%), or unknown/undetermined causes (1.4%) of maternal mortality, despite being highly preventable. Although Panama is right on track to fulfill the target of 70 MMR by 2030, these results highlight the lack of health care access due to the absence of obstetrician-gynecologists per 100 000 population in indigenous comarcas, where 30.8% of the maternal mortalities occur. Furthermore, the health system in Panama is not immune to pandemics and crises. From 1998 to 2022, there were 5 years when the MMR in Panama exceeded 70: 2001, 2002, 2006, 2011, and 2020. These findings also underscore the dichotomy between statistics and health policy. While the trendline reliability was insignificant (R2 = 0.1), the MMR satisfies requirements for the 2030 Sustainable Development Goals. Future studies should consider factors related to indirect obstetrics and contributory causes of deaths, health care access, COVID-19, cesarean section and natural birth, age, economic income, prenatal and postpartum care, as well as the quality of private and public health facilities in the Americas.
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